Lutei, trabalhei, empenhei-me para conseguir a autorização para renascer;
e
tu te comprometeste comigo; comigo e com Deus ...
Quanto me alegrei no dia em que tu, em espírito, ao lado de papai, aceitaste
receber-me na intimidade de teu lar. Ansiava esquecer, desejava um novo
corpo que me possibilitasse resgatar meus erros do passado.
Planejava um
futuro de luz. Em verdade, minha vida estaria marcada por provas e
testemunhos redentores. Contudo, preparei-me confiado no teu amor. E, no
momento que mais necessitava de ti, me assassinaste ...
Quando me sentiste
no santuário do teu ventre, trocaste de conduta e começaste a torturar-me.
Teus pensamentos de revolta que ninguém ouvia, retumbavam em meus ouvidos
incipientes, como gritos dilaceradores que me afligiam enormemente.
Os
cigarros que fumavas me intoxicavam muitas vezes. Teu nervosismo, fruto de
teu inconformismo, me resultava em verdadeiras chicotadas. Quando decidiste
abortar, ocorreu uma luta tremenda:
tu querendo expulsar-me de teu ventre; e
eu lutando por permanecer.
Por que fechaste os ouvidos à voz da consciência
que te pedia compaixão e serenidade?
Por que anestesiaste os sentimentos, a
ponto de esqueceres que eu trazia um universo de bênçãos e de alegria para
ti?
Haveria de ser um filho obediente e amoroso.
Trazia meios que iam
amparar-te nos últimos anos de tua presença na Terra.
Todavia, tu não
quiseste. Olha as conseqüências:
eu atormentado por não poder nascer e tu,
enferma, triste e intranqüila.
Tua mente castigada pela aflição e teus
sonhos povoados de pesadelos.
Por que mãezinha, por que não me deixaste
renascer? "É cedo, ainda", pensaste.
"Quero gozar a vida, passear,
divertir-me, viajar. Os filhos, só depois".
Todavia, nenhum filho chega no
momento inadequado.
As leis da vida são sábias e ninguém nasce por acaso.
Porém, pelo grande amor que te tenho, estou pedindo para ti a misericórdia
de Deus.
Até me atrevi a interceder para que alcances a bênção do
re-equilíbrio, para que, em futuro próximo,
estejamos juntos, eu em teu
ventre e tu, como sempre, em meu coração;
eu alimentando-me de tua
vitalidade e tu fortalecendo-te na grandeza de meus mais puros sentimentos.
Mãezinha, por favor: não repitas teu ato premeditado.
Quando sentires
novamente alguém batendo na porta do teu coração, serei eu, o filho
rejeitado,
que voltou para viver e ajudar-te a ser feliz. "
MÃEZINHA, NÃO TE ESQUEÇA DE MIM,
NÃO ME ABANDONES, NÃO ME EXPULSES, NÃO ME MATES NOVAMENTE, NECESSITO RENASCER!