Perca tempo escolhendo um amigo, mas
perca ainda mais quando tiver de trocá-lo.
(Benjamin Franklin)

 
 


                                 Punir e educar

Quando o telefone tocou Santiago não poderia imaginar a notícia que lhe seria dada.

“Senhor Santiago?” – perguntou uma voz severa.
“Sim.”
– respondeu apreensivo.
“Sou o delegado Lima. Seu filho Fábio foi preso em flagrante, minutos atrás, quando furtava um CD de uma loja em um Shopping.”

Embora o delegado continuasse falando, nada mais foi registrado por Santiago. O choque da notícia atingiu-o como um violento soco.
Ficou calado, segurando o telefone mesmo depois do término da ligação. Não podia crer naquilo.

“Por quê?” – perguntava a si mesmo.

Enquanto dirigia-se para a delegacia onde estava detido o filho, pensava nos sacrifícios que fizera ao longo dos anos para oferecer à família conforto e bem-estar.

Longas e extenuantes jornadas de trabalho. Anos e anos sem férias. Economias e empréstimos bancários para garantir aos filhos tudo que lhes era essencial e necessário para crescerem fortes e felizes.

Não podia lhes dar tudo o que queriam, mas fazia o possível para oferecer-lhes tudo o que precisavam.Priorizava a saúde e a educação dos pequenos.

Tratava-os com amor e com atenção, mesmo quando chegava tarde do trabalho e os encontrava às turras e fazendo manhas. Sabia que não era um pai perfeito. Reconhecia em si mesmo defeitos e vícios, mas não conseguia encontrar justificativa para a atitude do filho.

Por que Fábio teria feito aquilo?
Sentia-se mortificado de vergonha.
Seu filho, um ladrão!
Onde teriam ido parar os ensinamentos e os valores que acreditara ter incutido na cabeça daquele menino?

A dor inicial foi cedendo lugar à ira, e quando Santiago chegou à delegacia e foi levado à presença do filho não se conteve.
Sem dizer nenhuma palavra esbofeteou a face do rapaz na frente dos policiais que ali estavam.

Fábio não reagiu, nem disse nada.
Lágrimas escorreram pelo seu rosto.
Depois dos procedimentos burocráticos inevitáveis, o rapaz foi liberado e eles partiram silenciosos para casa. Durante o trajeto nada foi dito.

Na realidade, Santiago estava arrependido pela sua reação brutal, mas não conseguia encontrar uma forma de contornar a situação.
Fábio, por sua vez, estava envergonhado e sentia-se a última das criaturas.

Acreditava não ser merecedor nem mesmo do perdão do pai pelo seu gesto impensado.
Quando chegou em casa, Fábio trancou-se no quarto.
Santiago largou seu corpo no sofá, pesadamente.

Levou alguns instantes para dar-se conta da urgente necessidade de conversar com o filho. Tomado por um impulso, correu até o quarto de Fábio e, como ele não respondia aos seus chamados, arrombou a porta.

Graças à providência divina, chegou a tempo de evitar uma tragédia ainda maior.
A severa punição que infligira publicamente ao filho, e que agora atormentava a sua própria consciência,estimulara o desequilibrado rapaz a buscar a fuga da vida pelas vias equivocadas do suicídio.

Jamais puna quando estiver irado.
Nos momentos de raiva somos capazes de ferir até mesmo as pessoas que amamos.

A melhor forma de educar é fazer com que crianças e jovens repensem suas atitudes e aprendam com os próprios erros.

Pense nisso!

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