Quando a vida começava no mundo, os pássaros sofriam bastante. Pousavam
nas árvores e sabiam voar, mas como haviam de criar filhotinhos? Isso era
muito difícil.
Obrigados a deixar os ovos no chão, viam-se, quase sempre, perseguidos e
humilhados. A chuva resfriava-os e os grandes animais, pisando neles,
quebravam-nos sem compaixão. E as cobras? Essas rastejavam no solo,
procurando-os para devorá-los, na presença dos próprios pais, aterrados
e trêmulos.
Conta-se que, por isso, as aves se reuniram e rogaram ao Pai celestial
lhes desse o socorro necessário.
Deus ouviu-as e enviou-lhes um anjo que passou a orientá-las na construção
do ninho.
Os pássaros não dispunham de mãos; entretanto, o mensageiro inspirou-os
a usar os biquinhos e, mostrando-lhes os braços amigos das árvores,
ensinou-os a transportar pequeninas migalhas da floresta, ajudando-os a
tecer ninhos no alto.
Os filhotinhos começaram a nascer sem aborrecimentos, e, quando as
tempestades apareceram, houve segurança geral.
Reconhecendo que o Pai Celeste havia respondido às suas orações, as
aves combinaram entre si cantar todos os dias, em louvor do Santo Nome de
Deus.
Por essa razão, há passarinhos que se fazem ouvir pela manhã, outros
durante o dia e outros, ainda, no transcurso da noite.
Quando encontrarmos uma ave cantando, lembremo-nos, pois, de que do seu
coraçãozinho, coberto de penas, está saindo o eterno agradecimento que
Deus está ouvindo nos céus