Lester era filho de um pastor de uma pequena cidade. Seu pai não lhe
legou dinheiro, mas lhe deu uma sólida educação em que os valores da
autoconfiança e da determinação incessante se aliavam à alegria dos
aspectos criativos da vida.
Lester amava a música e para pagar aulas de piano com um professor ele
cortava lenha. Os anos da depressão americana puseram fim aos estudos na
faculdade e à sua carreira musical.
Aos 30 anos ele se casou com sua namorada, Frances e os dois deram início
à doce harmonia doméstica de um pequeno lar e uma família. O interesse
de Lester pela música nunca cessou. Sempre que podia, ele ouvia e
estudava os grandes compositores clássicos. No entanto, ele não tinha
muitas oportunidades de exercitar os seus talentos.
Com muitas contas para pagar e a perspectiva de aumentar a família, ele
nem podia pensar em adquirir um piano.
Em 1942, foi convocado para a guerra e enviado para lutar na Europa.
Todos os dias, em meio aos horrores da guerra, Lester encontrava tempo
para escrever para sua querida Frances.
Sentia saudades dela e do "homenzinho", forma como se referia ao
seu filho recém-nascido, que morava na "pequena mansão", um título
pomposo dado à sua casa modesta.
Aquela correspondência, tão valiosa e cuidadosamente guardada, era lida
e relida por Frances, que todos os dias aguardava, ansiosa, a chegada da
próxima carta.
Lester remetia todo o dinheiro que podia para sustentar sua jovem família,
e Frances trabalhava meio período como enfermeira para complementar o orçamento.
A economia era a nota constante. Ela comprava somente o suficiente para as
necessidades básicas e com suas orações pedia proteção continuamente
para o seu marido.
A guerra terminou e a Europa voltou a ser um lugar seguro para viver. No mês
de março de 1946, Lester retornou para os seus familiares na
"pequena mansão".
Uma grande surpresa o aguardava. Uma verdadeira dádiva de amor. Frances
guardara todos os cheques que ele enviara para alimentar sua pequena família.
Ela os economizou e juntou cuidadosamente para comprar um presente que
alimentaria a alma do seu amado. Renunciando ao próprio conforto, Frances
poupou quase tudo a fim de comprar um piano para ele. Na verdade era uma
espineta, um antigo instrumento de cordas semelhante ao cravo. Mas para
Lester era o melhor e o mais belo piano de concerto do mundo. Ele era o
saldo da renúncia máxima de uma mulher.
O piano de Lester ainda hoje é um símbolo de amor permanente. Seus netos
o guardaram com zelo e quando se sentam para tocá-lo têm a sensação de
que trazem de volta à vida a história da família. É como se
retornassem a ouvir o velho avô tocando canções de ninar para seus
filhos, sinfonias arrebatadoras de Beethoven para a sua avó e músicas
alegres para dançar.
Cada nota do instrumento transmite o amor que Frances e Lester sentiam um
pelo outro, pelos filhos e pelos netos. Eles partiram para a
espiritualidade mas legaram aos seus amores uma lição imortal: a do amor
que supera a amargura, a distância, o tempo e a vida física.
São necessárias duas pessoas para haver aconchego. Mantenha sempre uma
expressão agradável no rosto. Ele é o espelho onde seu amado deve se
refletir. Cantar atrai mais afeição do que gritar. Finalmente, pense:
quando você tem amor no coração qualquer pessoa a seu redor encontra
alegria em sua presença.