Uma jovem da alta nobreza, órfã de pais, morava num magnífico castelo.
Um dia, a filha de um pobre pedreiro foi procurá-la apressadamente e
disse-lhe:
- Senhorita, meu pai está à morte; venha vê-lo; mas venha logo porque
ele tem algo a dizer-lhe.
A orgulhosa jovem não fez caso do recado, dizendo consigo:
- Que pode ter um operário a dizer-me na hora da morte?
Uma hora mais tarde, chegava de novo a filha do pedreiro quase sem fôlego
de tanto correr.
- Senhorita disse - Venha depressa. Meu pai diz que a mãe da senhora,
durante a última guerra, mandara embutir numa parede do castelo grande
quantidade de ouro e prata. Meu pai tinha ordem de não lhe dizer nada
antes que a senhora completasse vinte anos. Mas, como ele está certo de
que vai morrer, quer antes confiar-lhe o segredo.
No mesmo instante a jovem saiu a correr para a casa do agonizante.
Aconteceu, porém, que, ao entrar ela no quarto, o operário acabava de
expirar. A jovem empregou grandes esforços para descobrir o tesouro
escondido, mas tudo foi em vão.
A herdeira do tesouro materno jamais o encontrou.
Muitos procedem a respeito da graça de Deus como aquela jovem. Fazem
desse tesouro divino muito pouco caso; virá, porém, uma hora em que não
mais o encontrarão.