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O Mundo Está
Carente
Quem não gosta de ser amado? Ser paparicado? Receber atenção
especial, presentinhos e beijinhos doces? Quem não gosta de
surpresinhas gostosas, beijo na boca e abraços apertados?
Quem prefere a solidão a uma boa companhia?
Nesse mundo maluco e agitado, as pessoas estão se
encontrando hoje, se amando amanhã e entrando em crise
depois de amanhã.
Uma coisa frenética e louca, que tem feito muita gente que
se julgava equilibrada perder os parafusos e fazer muita
besteira. Paixão, loucura e obsessão, três dos mais
perigosos ingredientes que estão crescendo nos
relacionamentos de hoje em dia por causa da velocidade das
informações e o medo de ficar sozinho.
As pessoas não estão conseguindo conviver sozinhas com seus
defeitos, vícios e qualidades e partem desesperadamente para
encontrar alguém, a tal da alma gêmea, e se entregam muitas
vezes aos primeiros pares de olhos que piscam para o seu
lado.
Vale tudo nessa guerra, chat, carta, agência, festas. É uma
guerra para não ficar sozinho. Medo, medo de se encarar no
espelho e perceber as próprias deficiências, medo de encarar
a vida e suas lutas. Então a pessoa consegue alguém
(ou acha que está nascendo um grande amor), fecha os olhos
para a realidade e começa a viver um sonho, trancado em si
mesmo, transfere toda a sua carência para o(a) parceiro(a),
transfere a responsabilidade de ser feliz para uma pessoa
que na verdade ela mal conhece.
Então, um belo dia, vem o espanto, vem a realidade, o caso
melado, o "falso amor" acaba, e você que apostou todas as
suas fichas nesse romance fica sem chão, sem eira nem beira,
e o pior: muitas vezes fica sem vontade de viver.
Pobre povo desse século da pressa! Precisamos urgentemente
voltar o costume "antigo" de "ter tempo", de dar um tempo
para o tempo nos mostrar quem são as pessoas.
(Luís Fernando Veríssimo)
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