Nem todo homem é jardineiro
Um dia as flores descobriram que
podiam se deixar levar pelo vento. Descobriram que eram fortes e que tinham
direito de viver. O mundo então mudou.
Antes, dominadas pela sociedade machista e convencidas que a melhor maneira de
viver era seguir a maré, as mulheres calavam-se. Fingiam felicidade, fingiam
prazer. As que encontravam marido deviam dar-se por satisfeitas. E davam-se.
O segredo de tantos casamentos durarem muitos anos antigamente não é o amor que
era mais puro e forte, mas a situação da mulher que, dependente financeira e
emocionalmente do marido, não ousava. Não dizia o que pensava realmente, não
exteriorizava o que sentia. As mulheres foram preparadas para servir, os homens
para serem servidos. Tanto que parte e outra aceitavam, o mundo caminhava e os
casamentos iam adiante.
Mas aos poucos a sociedade foi mudando. E as mulheres foram revelando-se.
Descobriram-se vivas. Descobriram que podem dizer não e sim: não a uma vida
monótona e que não realiza; descobriram que são capazes de produzir, criar.
Descobriram que podem escolher e escolhem. Escolhem mudar de vida, de caminho,
de direção.
Jardineiros nem sempre cuidadosos, muitos homens não percebem que a mulher é uma
flor. Uma flor serena ficará para sempre no jardim onde foi plantada; somente as
que encontram vazio diante de si deixam-se cativar por diferentes horizontes.
Um bom jardineiro sabe que uma flor precisa de sol, atenção, cuidados especiais.
Um bom jardineiro cativa, cultiva, tem cuidado, poda quando preciso, mas sempre
fazendo atenção para não destruir, porque ele sabe que quando a primavera chega
a sua flor dará o melhor de si.
Letícia Thompson
www.rivalcir.com.br
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