A mãe do filho
O "pequeno" cresceu.
A mãe o ensinara a crescer... e crescer significa ser responsável tomando
decisões e assumindo conseqüências.
Aprendeu.
Cresceu tanto, que decidiu ir. Decidiu por si mesmo, sem perguntar se a mãe ia
sofrer. Nem para a própria mãe e nem para ele mesmo.
- "Vou experimentar. Se não gostar, volto."
Nem aquele: "você não fica triste?", de quando era pequeno.
E a mãe racionaliza que é um direito dele querer ir e pensou:
- "Vai ser bom pra ele. - Que bom!"
O menino aprendera a se respeitar, a seguir os próprios impulsos medindo as
conseqüências por si mesmo.
Sentindo-se vitoriosa, a mãe constatou que conseguira ensinar, com simples
palavras e atitudes, o que aprendera por si mesma a duras penas.
Racionalmente, tudo bem!
Mas mãe, aquela que vem das entranhas, que gerou, que pariu, não consegue ver a
pessoa do filho, mas a sua cria.
É animal. Não animal sem alma, mas com um instinto tão forte que sufoca a razão.
A vitória se manifesta em choro.
Saudade.
De manhã, o barulhinho do chuveiro, o rock baixinho no quarto.
À tarde, o telefone, sempre ocupado.
De madrugada, a televisão ligada. Copos pelo chão. Tênis pelos cantos. O sono
pesado e inconseqüente da adolescência e juventude.
No armário vazio, só os cabides atestam: ele não mora mais ali.
Vai voltar?... a mãe só sabe que o quarto vazio, irritantemente arrumado, dói
demais... e vai doer ainda, até que a mulher consiga refazer a mãe dentro de si
e fique apenas feliz porque o menino cresceu.
Um mês depois, a mãe encara o menino crescido. Não dói mais. Está refeita,
plenamente feliz e sente orgulho, pois:
O "pequeno" cresceu e não se foi... apenas mudou de endereço.
(Janice)
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