Sempre existirá saída...
Um dia, um menino de 3 anos estava na oficina do pai, vendo-o fazer arreios e
selas. Quando crescesse, queria ser igual ao pai. Tentando imita-lo, tomou um
instrumento pontudo e começou a bater numa tira de couro. O instrumento escapou
da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo.
Logo mais, uma infecção atingiu o
olho direito e o menino ficou totalmente cego.
Mesmo assim aprendeu a ajudar o pai na oficina, trazendo ferramentas e peças de
couro. Ia para a escola e todos se admiravam da sua memória. De verdade, ele não
estava feliz com seus estudos. Queria ler livros.
Escrever cartas, como os seus
colegas.
Passava noites acordado, pensando em como resolver o problema. Ouviu falar de um
capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no
escuro.
A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel.
Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar de luz.
Ora, se os soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto.
Procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez uma
série de furinhos numa folha de papel, com um furador muito semelhante ao que
cegara o pequeno. Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema de
Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o.
Com persistência, Louis Braille foi mostrando seu método. Os meninos do
instituto para cegos onde estava morando agora se interessavam. À noite, às
escondidas, iam ao seu quarto, para aprender. Finalmente, aos 20 anos de idade,
Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos.
O método Braille estava pronto. O sistema permitia também ler e escrever música.
A idéia acabou por encontrar aceitação. Semanas antes de morrer, no leito do
hospital, Louis disse a um amigo: "Tenho certeza de que minha missão na Terra
terminou."
Dois dias depois de completar 43 anos, Louis Braille faleceu. Nos anos seguintes
à sua morte, o método se espalhou por vários países.
Finalmente, foi aceito como
o método oficial de leitura e escrita para aqueles que não enxergam.
Assim, os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo graças a um menino
imerso em trevas, que dedicou sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a
vida de todos os que se encontram privados da visão física.
Há quem use suas limitações como desculpa para não agir nem produzir. No
entanto, como tudo deve nos trazer aprendizado, a sabedoria está, justamente, em
superar as piores condições e realizar o melhor para si e para os outros.
"Quem você é fala tão alto, que não consigo ouvir o que você está
dizendo".
(Ralph Waldo Emerson)
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