Educar para salvar
Diante dos dias conturbados por que passa a sociedade atual, só existe uma
maneira eficiente de fazer com que desponte uma aurora límpida e bela, neste
limiar do terceiro milênio: a educação.
Somente através da educação bem sedimentada poderá surgir o homem renovado do
século XXI.
Mas, educar não significa apenas transmitir padrões sócio-culturais, nem
acompanhar o desenvolvimento físico-intelectual da criança ou passar uma série
de informações pela instrução formal.
A educação, bem entendida, consiste em formar o homem de bem, contemplando seu
duplo aspecto: espiritual e físico.
A violência grassa e desgraça, num mundo onde o ser humano vem perdendo o senso
de fraternidade, de solidariedade, face aos conflitos de opiniões, às imposições
do intelecto sobre o sentimento, à robotização que transforma o ser humano em
máquina, a repetir atividades que lhe destroem a capacidade de criar, de
enriquecer-se de novos valores espirituais.
Educar, no sentido que o termo exige, é desenvolver, cultivar, fazer brotar,
elevar, fazer crescer, não de maneira unilateral, mas de forma integral, para
que o educando possa ser o cidadão honrado que todos desejamos encontrar na
sociedade da qual fazemos parte.
E para que se atinja esse grandioso objetivo será preciso, antes de tudo, duas
premissas básicas: amor e auto-educação.
Amar para educar e auto-educar-se para amar. Esse binômio: amor e auto-educação
deverá ser o denominador comum para pais e mestres.
Aos pais não basta amar, é preciso que seu amor seja firme, sem tirania, e
terno, sem pieguice.
Aos mestres não basta instruir, transmitir informações áridas, sem o real
enriquecimento do conteúdo com o tempero do afeto.
É preciso que haja uma conjugação de forças entre pais e mestres para que se
logre êxito na reforma moral da humanidade... Para que se possa ver o despontar
da verdadeira aurora do terceiro milênio...
É preciso que o ser humano passe a ser o tesouro mais valioso do planeta, para
que entenda o papel que lhe cabe na obra do Criador.
É preciso que não se tente resumir o ser humano a uma simples máquina de fazer
sexo, fabricar dinheiro, se projetar sob as luzes transitórias dos holofotes da
fama.
É preciso que se compreenda a realidade imortal do homem.
É preciso que se entenda, de vez por todas, que o ser humano não é um amontoado
de ossos e músculos, numa breve experiência espiritual.
O homem é um ser espiritual, imortal, vivendo uma breve experiência num corpo
carnal, frágil e perecível, que caminha na direção do túmulo.
E, por fim, é preciso que se viva como ser imortal, que terá que prestar contas
dos seus atos à consciência cósmica e à própria consciência, assim que se
desembaraçar da carne.
Se pais e mestres, que geralmente também são pais, amassem para bem educar e se
auto-educassem para amar, o panorama do mundo se transformaria em pouco tempo,
para melhor.
Veríamos no lar, que é a primeira escola, as crianças aprendendo o respeito ao
semelhante, a dignidade, a honradez, a liberdade intelectual, o respeito a si
mesma e ao próximo.
E, na escola, com mestres conscientes do seu nobre dever, aprenderiam as lições
para iluminar o intelecto, mas sempre acompanhadas com os componentes do amor e
da ternura.
Eis uma receita infalível...
Eis a solução para banir, definitivamente, a violência da face da Terra.
Pense nisso!
A educação sem um propósito de transcendência é uma idéia vazia e estreita e
pode sempre se tornar instrumento de manipulação dos poderes sociais.
Modelar uma estátua e dar-lhe vida é belo; modelar uma inteligência e dar-lhe
verdade é sublime. (Victor Hugo)
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