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Amor Insano em quatro momento
Desamor não há quem me resgate nesta vida, tampouco o que não
viva só pra si, não há com quem se dividir a lida, não há quem
queira estar comigo aqui. Encontro gente amarga no caminho. No
atalho que me coube percorrer, tiraram as avenidas de carinho,
deixando-me sem chance de escolher. Vão os felizes por outras
estradas, pessoas plenas, já tão engajadas, as quais já têm a quem
dar seu amor. Mas eu carrego a alma destroçada, vivendo eternamente
ignorada, nas avenidas do meu desamor.
Eleita hei de encontrar-te lá noutras esferas, um grande amor não
vai morrer assim, hás de saber o quanto eu fui sincera e
transparente do começo ao fim. Foste covarde e omisso vezes tantas,
que relevei por ver-te sem saída.
Não suportaste meu amor de santa, nem minha insígnia de mulher
bandida. Hei de encontrar-te lá no firmamento, mesmo que seja por um
só momento, pois do contrário eu não prosseguirei. Almas despidas
máscaras desfeitas, tu me dirás que eu sempre fui tua eleita, e
crendo nisto... Eu te libertarei.
Em vão quisera te falar das manhãs claras, do sol que sai dourando
meus jardins. Dos delicados tons das flores raras, de como tudo é
tão formoso aqui. E te falar das noites perfumadas, da lua que se
esconde nas mangueiras, das vertentes e sonoras cachoeiras, da paz
desta paisagem inusitada. Mas tu não vens talvez porque não queiras,
selar o pacto desta afeição, que me declaras tão levianamente. Serei
feliz em te esperar somente, esperarei mesmo que seja em vão,
esperarei, amor, a vida inteira.
Vingança é por vingança este meu verso triste, sinto prazer em te
fazer chorar. E não me acuses com o dedo em riste, por ser a voz que
logras abafar. É por vingança este meu verso duro, sinto prazer em
ver-te ajoelhar, no meu altar de horripilantes muros, do qual supões
que possas te ocultar.
Foste tu mesmo quem me despejaste, quando eu sorria tonta como
infante, crente do amor que um dia me juraste. Dou-te de prêmio
amargo fel triunfante, sorvas aos poucos pois é minha vingança,
mataste tudo, até minha esperança.
Fátima Irene Pinto.
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