Noite escura.
Em local isolado, um rapaz de moto, errando na direção, precipitou-se
nas águas de enorme represa.
Alguns populares correram até à casa grande em que morava um negociante
que possuía, ali mesmo, um barco magnificamente equipado. No entanto, ao
pedido de socorro, ei-lo que responde secamente:
- Jovens de moto? Estou cansado... Gente louca não tem jeito...
Os amigos anônimos se voltaram no rumo de um pardieiro próximo, ocupado
unicamente por uma senhora paralítica.
A doente não vacilou. Emprestou-lhes pequena lanterna, acesa a querosene.
Alguns instantes mais e o rapaz foi visto, boiando à longa distância.
Dois homens se atiraram às águas e trouxeram-no desmaiado para a terra.
O comerciante, porém, - aquele mesmo que se negara a cooperação - viera
até a orla do lago, simplesmente para ver.
Mas, inclinando-se para o jovem que respirava, a salvo, no socorro
improvisado que recebia, começou a gritar em desespero:
- É meu filho!... Ah! meu filho, meu filho!...
Francisco C. Xavier
Emmanuel