- Feche a porta! Você acha que está num celeiro? Ele nos perguntava
e, então, começava a rir.
De fato estava, ele vivia num celeiro.
- Deus é bom e devo ser bom para Ele! Joe costumava dizer.
Ontem estive onde Velho Joe viveu. Quando fechei meus olhos, eu pude
ouvi-lo falando comigo. Pude até ouvir seu riso.
Lembro-me de um dia ter lhe dito,
- Você é o cara mais feliz que eu conheço e eu sei que você não
tem muito por que estar feliz.
- Tenho todas as razões do mundo para estar feliz. Estou vivo, tenho
amigos, eu consegui um teto sobre minha cabeça e nenhuma conta para
pagar! O que mais pode um homem querer?
- Mas o telhado vaza! Eu disse.
- Só quando chove! Ele respondeu e riu tanto que não tinha como não
rir com ele.
A construção tinha sido usada e abandonada pela ferrovia. O velho e
enferrujado telhado de metal foi remendado com o que o Velho Joe pode
achar. Tinha uma placa da Pepsi, uma placa de um velho mastigando
tabaco e algumas tampas de lata de lixo que Joe tinha ajeitado e
pregado sobre os buracos.
Havia uma janela pequena, parcialmente coberta com plástico para
manter os frios ventos do inverno no lado de fora. Nos fundos, Velho
Joe armazenava madeira e carvão que ele pegava na redondeza.
- Isto é carvão que os mineiros descartam. É muito bom para mim e
é grátis! Ele nos contou.
Do lado de fora, Velho Joe mantinha um barril para acumular chuva e
derreter neve. Usava para lavar suas roupas e para banhar-se,
- Pelo menos duas vezes por semana. Eu não quero cheirar muito bem,
pois as mulheres vão querer derrubar minha porta. Ele nos contava e
sim, ria à vontade.
- Nunca deixarei de viver até que eu morra! Velho Joe também
costumava dizer. - Acho que apenas cairei bem aqui onde estou. Vocês
saberão que eu estou morto porque parei de rir. Então, naturalmente,
ele ria sobre isso.
Sei que aquela velha construção ficou ali por muitos anos depois que
Velho Joe morreu. Tantas vezes se discutiu a necessidade de ser
demolido... e quem tinha coragem de fazê-lo?
Segundo ouvi, ela acabou caindo um dia. Assim como o Velho Joe. Quando
souberam que a velha construção tinha caído, as pessoas vieram
pegar um pedaço da madeira. Eu vivia muito longe nesta época e teria
amado ter um pedaço dele.
Dizem que Velho Joe riu tanto que você podia ouvir o riso na madeira.
As crianças da vizinhança conhecem toda a história de Joe.
Um de
meus amigos contou-me que pedaços da casa de Joe estão espalhados
por todo o país.
Fiquei ali, raspando a terra com os pés, na esperança de achar algo.
Mas então compreendi que eu realmente não precisava ter um pedaço
da casa do Velho Joe. Veja, eu sou um pedaço da vida do Velho Joe.
Seu amor, sua vida e sua gargalhada ajudaram a me tornar o homem que
sou hoje.
Você ou será lembrado pelo que você deu à vida de alguém ou pelo
que você consegui dela.
Velho Joe me deu a alegria de viver, em qualquer circunstância.
Tradução de Sergio Barros
do texto de Bob Perks