Tenho conversado muito comigo ultimamente sobre as coisas que faço. Volta
e meia preciso seriamente de uma conversa.
"Endireite a coluna", eu digo para mim mesma quando chego à
beira da escada. Jogo os ombros para trás e começo a jornada. Só espero
não cair.
Quando eu acordo e a dor está pior, eu falo: "Lembre-se de que no
mundo sempre existe uma dor maior. E essa aqui vai passar."
É realmente um problema não ouvir o que estão falando. Eu me preocupo
pensando se não respondi alguma bobagem.
Mas aí eu digo para mim mesma Que resposta boba não é nenhuma novidade.
Quantas vezes, enquanto ainda escutava bem, eu não disse bobagem também?
Sei que hoje preciso de óculos para leitura e por isso converso comigo:
"Agradeça por poder ler. Muitos não podem nem ver."
Eu me mando levantar e andar, embora preferisse apenas sentar e ler. Mas,
se quero um corpo ágil, devo obedecer.
Posso andar, ver e ouvir. Não tão bem, mas ainda consigo. Acho que me
fazem bem as conversas que tenho comigo.