Quando os bebês nascem, berrando por terem saído do conforto
em que estavam, berrando a cada sensação de fome e frio,
eles começam a perceber que, neste mundo, existem situações
em que nem tudo pode ser do jeito que gostariam que fosse.
A nova alimentação lhes dá dor de barriga, e esta dor nem
sempre passa logo. O xixi na fralda também incomoda. Conforme
eles crescem, vão percebendo que a vida funciona assim:
muitas vezes, não podemos ter o que desejamos, ou não
podemos fazer o que queremos do jeito que queremos.
Porém, quase diariamente, acontecem coisas que nos
desagradam, ou somos obrigados a fazer coisas que detestamos
ou a deixar de fazer coisas que adoramos.
Existem dias em que temos de renunciar a fazer algo que
planejamos para comparecer a algum compromisso da família,
como não ir ao cinema no último dia em que o filme está em
cartaz, para ir ao aniversário de uma tia.
Ou por causa da escola, como não sair com a turma para poder
estudar pra uma prova muito difícil...
As coisas funcionam assim, para qualquer ser humano: às
vezes, as pessoas em volta se acomodam às nossas vontades e,
às vezes, nós é que precisamos nos acomodar às
necessidades de um dado momento ou de outra pessoa.
O que é curioso é que muitas pessoas, mesmo não sendo mais
bebês, não compreenderam isto ainda: continuam chorando ou
gritando, quando qualquer uma de suas mínimas vontades não
é satisfeita. Parecem bebezões! Se não choram
escandalosamente, pra não dar vexame, pelo menos fazem
biquinho e ar de contrariedade...
É lógico que é importante podermos fazer nossa vontade, até
lutar por isso. Mas também é importante saber compreender
quando é preciso ceder por uma razão mais séria, e a
capacidade de perceber isto nos ajuda muito, em nossas vidas.
Uma das coisas que torna estes momentos mais difíceis, é que
pode bater aquela sensação de que ninguém liga pro que
queremos. Mas se pensar um pouco, vai ver que as pessoas que o
amam vem tentando fazer coisas que agradam, em outras ocasiões;
e que elas terão inúmeras outras chances de fazê-lo.
Na verdade, fazer algo pelo próximo pode nos dar uma sensação
muito mais agradável que fazer algo por nós mesmos. Sim, você
pode descobrir que a vida reserva grandes alegrias, também
aos que renunciam a um de seus momentos de lazer pela dedicação
a um ideal ou para oferecer ajuda a alguém mais além de si
próprio.