Ele caminha a passos largos por entre os corredores do viveiro, inalando a
deliciosa fragrância. À um olho inexperiente, as filas de rosas
metodicamente marcadas poderiam parecer idênticas. Mas Monsieur Francis
Meilland conhecia bem. Como um grande cultivador de rosas, ele tinha
dedicado sua vida a estas plantas. Conhecia cada uma intimamente.
Pausando, ele estende a mão para esfregar uma particularmente lustrosa e
sentiu as bordas levemente serrilhadas entre seus dedos.
- Ah, esta... esta... Maravilhosa... Suspirou Monsieur Meilland.
Uma obra-prima! Diferente de todas que já tinha visto crescer. Entre
todos os seus tesouros, esta planta produzira a mais linda flor.
Monsieur Meilland estava ansioso por experimentar, desenvolver a rosa
ainda mais e lhe dar um nome apropriado. Mas não havia tempo. O ano era
1939 e a ameaça de guerra pairava sobre a Europa. Ele só podia esperar
manter a rosa afastada dos perigos terríveis.
Em junho do ano seguinte, o exército alemão tinha ocupado o norte da
França. Agora os Nazistas moviam-se em direção a Paris e, por onde
passavam, espalhavam destruição e desastres.
Pressionado pelo tempo, Monsieur Meilland pegou cortes de sua amada
planta, ainda sem testar e ainda sem nome. Metodicamente, empacotou e os
despachou a aficionados de rosa por todo o mundo. Sairiam de França?
Chegariam aos seus destinos? Mais importante, sobreviveriam? Ele só podia
esperar. E orar.
Um último avião deixou a França antes que os Nazistas conquistassem o
controle do aeroporto. A bordo estavam os cortes finais da rosa, embalada
em uma mala diplomática, destinada aos Estados Unidos.
Quatro longos anos se passaram. E então chegou: uma carta de um
cultivador de rosas na Pensilvânia, elogiando a beleza da descoberta de
Meilland. Era delicada. As pétalas eram de marfim e creme, tingindo-se de
cor-de-rosa.
Sua rosa tinha sobrevivido.
Mas, para Monsieur Meilland, a grande glória veio mais tarde. No mesmo
dia em que Berlim tombou e os sinos da liberdade tocaram por toda a
Europa, cultivadores de rosa reuniram-se, na ensolarada Califórnia, numa
cerimônia para batizar sua esplêndida flor. Para honrar a ocasião,
pombas brancas foram colocadas em liberdade e voaram através de um céu
de safira.
E, depois de tantos anos, a frágil rosa que tinha sobrevivido à guerra,
finalmente recebera seu nome: "Paz".