Acredito que não há nada mais maravilhoso do 
que estar habilitado à ajudar alguém.
(Betty Ford)

 


              Ai que saudades dos meus setenta

Em janeiro de 2001 eu estava freqüentando uma clinica de fisioterapia para aliviar umas dores. Segunda-feira era sempre um dia muito movimentado.

Enquanto estava no gelo, reparei uma senhora muito falante que aparentava uns 65 anos, toda de cor de rosa, bem perto de mim fazendo exercícios de recuperação do braço. Waldete nossa fisioterapeuta, comentava o quanto deveriam estar cansados os que regressavam do Rock in Rio e ainda iriam trabalhar, praticamente virando a noite. Explicando:
- Antes eu tinha muita disposição, mas agora com quarenta, não dá....

Sorri e comentei:
- Olha, até os sessenta e cinco, tudo vai muito bem, depois começa a emperrar...

Aí a senhora de cor de rosa suspirou:
- Que saudades dos meus setenta...

Espantada perguntei:
- Você tem mais de setenta?

E ela sorrindo:
- Tenho oitenta e um anos. Até o ano passado tudo ia muito bem, aí apareceu o nódulo no seio e tive que tirar. Felizmente, não foi uma cirurgia total, quer ver? E já levantou a blusa cor de rosa e exibiu um bonito seio com uma cicatriz de uns 5 centímetros, e continuou contando:
- Preciso fazer exercício e quimioterapia. A quimio me faz ter muito calor e fico desesperada, ainda bem que moro sozinha e quando o calor é muito arranco a roupa, vou para frente do ventilador, depois para distrair vou para a rua, moro na Paulo Barbosa, dou uma volta pela cidade, que é tão linda, não é?

Foi uma grande lição, eu estava reclamando muito das dores, comecei a melhorar e sou imensamente grata àquela senhora vestida de cor de rosa...

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Maktub

 

 
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