"Não é fácil achar a a felicidade em nós mesmos, e é 
impossível achá-la em qualquer outro lugar"

 
 


Os semeadores de espinhos

Era uma vez um homem justo e trabalhador. Com suas próprias mãos conseguiu uma rica e próspera fazenda. Ao ver-se, porém, rodeado de tanta abundância, acomodou-se.

Sobreveio, então, uma grande inundação, que arrasou sua fazenda e o deixou na miséria.

Sua força de vontade novamente impôs-se e, depois de muitos anos de luta, sua situação melhorou e novamente conseguiu fazer fortuna. Mais uma vez rico, aquele homem deixou-se levar pela preguiça.

Uma guerra inesperada tomou de surpresa aquele país e pôs sua vida em grande perigo. E aquele rico proprietário teve de fugir, perdendo amigos e terras.

Não obstante, não desanimou e, partindo de novo do zero, recuperou os bens perdidos, e, rico mais uma vez, deixou a administração de sua fortuna em mãos alheias e passou a dedicar-se aos prazeres da vida.

Tempos depois irrompeu a peste, que dizimou aquela nação, vitimando também sua mulher e filhos.

Envelhecido e alquebrado, aquele homem foi para o deserto e pediu explicações a Deus.

E Deus acedeu e foi ao seu encontro.

Ao vê-lo, o homem o interrogou:
- Por que me mandas tantas calamidades?

Ao que Deus lhe respondeu:
- Não ponhas a culpa em mim mas em ti mesmo. Estes - apontou para os anjos - são os encarregados de semear espinhos na vida dos homens que se deixam levar pelo comodismo. Sê transeunte na ponte da vida, mas jamais te instales nela.


(J.J.Benítez)



1998

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