Era uma vez um homem justo e trabalhador. Com suas próprias mãos
conseguiu uma rica e próspera fazenda. Ao ver-se, porém, rodeado de
tanta abundância, acomodou-se.
Sobreveio, então, uma grande inundação, que arrasou sua fazenda e o
deixou na miséria.
Sua força de vontade novamente impôs-se e, depois de muitos anos de
luta, sua situação melhorou e novamente conseguiu fazer fortuna. Mais
uma vez rico, aquele homem deixou-se levar pela preguiça.
Uma guerra inesperada tomou de surpresa aquele país e pôs sua vida em
grande perigo. E aquele rico proprietário teve de fugir, perdendo amigos
e terras.
Não obstante, não desanimou e, partindo de novo do zero, recuperou os
bens perdidos, e, rico mais uma vez, deixou a administração de sua
fortuna em mãos alheias e passou a dedicar-se aos prazeres da vida.
Tempos depois irrompeu a peste, que dizimou aquela nação, vitimando também
sua mulher e filhos.
Envelhecido e alquebrado, aquele homem foi para o deserto e pediu explicações
a Deus.
E Deus acedeu e foi ao seu encontro.
Ao vê-lo, o homem o interrogou:
- Por que me mandas tantas calamidades?
Ao que Deus lhe respondeu:
- Não ponhas a culpa em mim mas em ti mesmo. Estes - apontou para os
anjos - são os encarregados de semear espinhos na vida dos homens que se
deixam levar pelo comodismo. Sê transeunte na ponte da vida, mas jamais
te instales nela.