O que ele fez por amor...
Sam, aos dezessete anos de idade, tinha os normais sonhos e desejos de um jovem que entra na maioridade. Ele esperava se casar com uma boa e amorosa mulher, trabalhar duro e estudar, e criar uma vida farta para constituir uma família.

Mas, naqueles tempos, na Polônia, um jovem não podia esperar realizar seus sonhos. A ameaça de ser convocado pelo exército assombrava todos os homens em idade de guerrear e sobrecarregava os corações de seus pais. Se um homem fosse convocado pelo exército russo, ele tinha pouca esperança de voltar para casa. Eles eram convocados para viver ou morrer em serviço. Sam foi escolhido para ser um desses meninos.

Algumas famílias aceitavam este destino como inevitável e em prantos se despediam dos filhos. Outros tomavam a extrema medida de cortar fora o dedo indicador da mão direita (o dedo do gatilho) tornando-o incapaz para o serviço, vendo a mutilação como um mal menor se comparado com o prolongado sofrimento ou a morte. Sam decidiu de outra forma, entre enfrentar grandes perigos e a promessa de uma vida melhor se tudo desse certo, ele escolheu a fuga.

Sam não estava apenas fugindo dos perigos que o ameaçam em Lodz (província polonesa); ele estava buscando por algo (ou alguém). Ele tinha se apaixonado por Gussie, uma jovem polonesa, pouco antes da família dela fugir de Lodz para a América. Ele tinha recebido notícias de que ela estava segura em Nova Iorque e sentia falta dele. Sam estava determinado a se casar com Gussie e realizar seus sonhos, assim ele se preparou para uma perigosa viagem.

Seus pais lhe embalaram comida e água para a viagem, mas a principal necessidade dele era dinheiro. Se Sam quisesse cruzar a fronteira alemã, ele teria que subornar o guarda. Os pais de Sam juntaram todas as suas economias, amarraram o dinheiro em um lenço e esconderam por baixo de muitas camadas de roupas. Quando, ou se, Sam cruzasse a fronteira, ele teria que encontrar um jeito e alguns amigos alemães que poderiam ajudar a chegar em Nova Iorque.

Quando Sam abraçou sua família na manhã da partida, ele gostaria de saber se os veria (ou a Gussie) novamente. Sam concentrou os pensamentos no amor que tinha por Gussie e em seus planos para o futuro, de forma a passar o tempo e sustentar a coragem necessária durante a viagem. Finalmente, Sam chegou à fronteira alemã, pegou o dinheiro escondido e gelou o rosto. Haviam dois guardas patrulhando a fronteira; ele tinha dinheiro para apenas um suborno. Ele não ia conseguir. Pior, um dos guardas tinha lhe visto, assim ou avançava ou voltava pra casa.

- Gussie, Sam disse a si mesmo, eu estou fazendo isto por você, e eu sei que Deus não nos abandonará. Sam rezou enquanto caminhava lentamente. Ele precisava de um milagre.

Quando Sam chegou mais perto, ele reconheceu um dos guardas como um amigo de seu pai, um que tinha visitado a família muitas vezes. Sam fitou os olhos do guarda. Quando o guarda reconheceu Sam e viu o olhar de medo em seu rosto, entendeu imediatamente o que estava acontecendo. De repente, o guarda começou a gritar apontando na direção oposta. O outro guarda, distraído, se virou. Sam teve o tempo suficiente para cruzar a fronteira e colocar-se fora de perigo - e ele ainda tinha todo o dinheiro do suborno.

Sam chegou são e salvo a Nova Iorque, e encontrou Gussie. Depois que se casaram, usaram aquele dinheiro de suborno para começar um próspero negócio. Apesar da felicidade, Sam nunca se esqueceu da família na Polônia. Depois de dois anos, Sam pôde trazer seus pais e irmãos para Nova Iorque.

Este jovem, cujo futuro na Polônia era bastante incerto, viveu tempo bastante para conhecer seus netos. Na realidade, eu sou um desses netos. Enquanto vovô Sam ainda estava vivo, meus primos e eu nunca cansamos de ouvir a história da corajosa viagem. Mas o melhor de tudo, nós entendemos o que o trouxe à sua Gussie: não foi um golpe de sorte ou uma armação do destino, mas um milagre de amor.

(Eileen Lawrence)

1935

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