Uma mulher morava num bairro
onde todos tinham o hábito de dar caixinha para os balconistas da padaria.
Ela se mudou para outro bairro onde não existia esse hábito.
No primeiro dia que foi à padaria, ao dar a caixinha para o balconista, ele
ficou encantado:
- O que é isso, minha senhora? Não precisa! Eu estou aqui para servi-la!
Logo que ela saiu, ele continuou:
- Que mulher maravilhosa, nunca vi uma pessoa tão gentil assim!
No dia seguinte, logo que ela chegou, ele se desmanchou todo:
- Pois não, madame! O que a senhora deseja?
Quando ela lhe deu a caixinha, desdobrou-se de novo em agradecimentos.
Isto continuou assim todos os dias. Um mês depois, acostumado com a caixinha,
já a estava tratando como tratava todos os demais fregueses e, no final, já
estendia a mão para pegar a caixinha e sequer agradecia.
Um dia ela foi à padaria com o dinheiro contado, mas tinha subido o preço do
leite. Não sobrou dinheiro para a caixinha. Ela imediatamente se desculpou
com ele e prometeu que, no dia seguinte, daria uma caixinha melhor.
Tão logo ela virou as costas, ele esbravejou:
- Quem essa mulher pensa que eu sou? Um escravo dela?
É preciso mais do que recompensas para que um bom serviço seja prestado.
Se não houver amor ao que se faz, respeito aos clientes e gratidão pelo
reconhecimento do trabalho, corremos o risco de agir como meros executores de
atividades que não se importam com os resultados produzidos nem com os usuários
dos serviços.
Que o nosso comportamento não seja igual ao do balconista da padaria!
Maktub
1873