O vendedor que queria entrevistar a Deus
Era uma vez um vendedor muito ético e que gostava muito
de gente.
Um dia, ele pensou:
— Para me sentir um profissional completo preciso
vender para Deus. Se ao menos eu conseguisse marcar uma
entrevista com Ele! Mas como farei a pré-venda?
O vendedor sempre ouviu falar que vender é diagnosticar
necessidades, levantar problemas e apresentar
soluções. Mas, quando se trata de Deus, como vender
para Ele? Quais são as necessidades de Deus? Que
problemas Deus tem para eu oferecer algum benefício?
Ah! Se ao menos eu conseguisse marcar uma entrevista com
o Eterno e conhecer os Seus problemas!
Naquela noite o vendedor foi para a cama pensativo e
teve um sonho. Um anjo com muita luz se aproximou dele e
falou:
— O Criador ouviu seu desejo e marcou uma entrevista
com você terça-feira que vem às 17:35. Esteja lá na
rua G, número 438 onde acontecerá o encontro. Deus
manda avisar que é para você não chegar atrasado.
Seja pontual com o Senhor do Universo.
O homem acordou e viu que era verdade, o Eterno ouvira
mesmo seus pensamentos e marcou uma entrevista. E eis
que chega a tão esperada terça-feira. O vendedor vai
ao melhor posto de lavagem de carro e deixa seu
automóvel brilhando, passa na melhor loja e compra o
melhor terno. Afinal, o Cliente era muito especial. Ao
se dirigir para a rua G o vendedor entra num
engarrafamento e é abordado por um garoto que lhe
suplica:
— Moço, eu estou vendendo essas balas para ajudar
minha mãe, o senhor poderia me comprar algumas?
O vendedor pensa na dor daquela família e resolve
comprar todo o estoque de balas da criança. O menino
salta de alegria e diz:
— Obrigado, agora eu, minha mãe e meus irmãos vamos
ter o que comer.
Tão alegre e saltitante de felicidade ficou o garoto
que atravessou a rua correndo sem notar que um carro
vinha em alta velocidade e o atropelou. O vendedor
coloca o garoto sangrando em seu carro e se dirige ao
hospital. Ao chegar lá diz:
— Por favor, cuidem deste garoto para mim. Aqui está
o número de meu cartão de crédito, eu pagarei todas
as despesas, tratem dele como se fosse meu filho.
O vendedor se apressa. Entra de novo na avenida que leva
à rua G, número 438. O tempo parece voar. Já são 17:
29 e o que ele menos quer é chegar atrasado. O
atropelamento, a burocracia no hospital, tudo isso lhe
tomara grande parte do tempo. Já são 17:32, eu não
posso perder o encontro de minha vida, pensou apavorado.
Mas, ao entrar na rua e se aproximar do número o
vendedor olha para o seu relógio e vê que são 17: 43.
Em sua mente abatida pela frustração pulam as palavras
do anjo:
— Não chegue atrasado, seja pontual com o Senhor do
Universo.
O vendedor percebe que seu esforço fora em vão. Uma
grande tristeza toma conta de seu coração. O Ser mais
importante do Cosmos jamais lhe perdoaria esse atraso.
Que desrespeito enorme! E logo para com o Eterno!
Enquanto ele coloca a mão no rosto e chora pela
entrevista perdida alguém bate no vidro fechado de seu
carro. Ele aciona o abridor automático e, enquanto o
vidro vai se abaixando o vendedor vê a figura iluminada
do garoto que socorrera minutos atrás. O garoto sorri e
diz:
— Perdoe-me, querido, é que eu fiquei tão ansioso
por essa entrevista que não agüentei esperar pelas 17:
35.
Essa fábula nos conta uma grande lição na área
profissional. Os resultados somente acontecem quando
colocamos os problemas e necessidades dos outros em
primeiro lugar. Até Deus tem problemas que é convencer
aos humanos do dever e do privilégio de amar ao
próximo e o vendedor da fábula fez sua parte. Quantas
vezes você visita seu cliente pensando apenas em você
mesmo ou em faturar, ganhar sua comissão ou atingir
suas cotas?
Se tiver seu coração e mente apenas
concentrado em fazer seu cliente feliz você venderá
mais que benefícios. Mais que soluções. Você
venderá o produto mais desejado do mundo: o Amor. E
até Deus será seu cliente.
Autor: (Mauricio Góis)
1862 |
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