O texto diz mais ou menos...
"Desejo-lhe, sinceramente, um julgamento justo, de acordo com o direito
e, na medida do possível, uma cela limpa, cômoda e digna. Tomara que ninguém bata no
senhor, que ninguém o submeta a humilhações.
Que não confisquem sua casa nem seu carro nem destruam sua biblioteca. Que não tapem seus olhos nem o
atirem no chão para dar-lhe chutes e coronhadas. Que não o pendurem pelos
polegares, nem lhe administrem descargas elétricas. Que não o mutilem nem o afoguem
em água suja, nem tentem asfixiá-lo metendo sua cabeça num saco plástico.
Que não o ceguem e não quebrem os ossos de suas mãos.
Que não seqüestrem seus irmãos
nem façam maldades com suas filhas. Quero dizer, senhor, oxalá não
façam nada do que seus subordinados fizeram, sob suas ordens e responsabilidade, a milhares de cidadãs e cidadãos de vários
países do mundo.
Desejo que organizem um julgamento justo e que preparem uma cela limpa e cômoda, onde possa passar seus últimos dias sem frio nem fome.
Não é nada pessoal. É que, se a gente conseguir isso, a humanidade terá
dado um grande passo para o reencontro consigo mesma e, por conseguinte, para a
construção de um mundo melhor."
Nas palavras desse jovem, podemos encontrar a fórmula para a conquista de um
mundo novo, sem violência nem desrespeito aos direitos do cidadão.
Muito se fala em acabar com a violência, mas muita violência se emprega
nessa tentativa. Quando a humanidade compreender
que é preciso mostrar a outra face, então estaremos a um passo da paz.
A face oposta da violência é a não-violência, e a do desrespeito é o
respeito.
Enquanto os métodos para
combater a crueldade forem cruéis, não se logrará êxito algum. Enquanto se tentar apagar incêndios
com álcool ou gasolina, as chamas continuarão destruindo.
Mas, no momento em que forem usados produtos que realmente ponham fim às
labaredas, teremos a solução do problema, e não o seu agravamento.
Assim, o jovem tem toda razão
em desejar um tratamento oposto ao que foi oferecido por aquele líder arbitrário e equivocado.
Se, ao contrário, lhe fosse oferecida a violência como punição, seus juízes
seriam como ele, e o círculo da crueldade jamais se romperia.
Quando todos nós pensarmos como
aquele jovem, a humanidade poderá fechar, definitivamente, a página que encerra um capítulo da sua história,
da qual a violência
fazia parte.
Pense nisso!
Jesus Cisto foi o grande Mestre da não-violência e do perdão.
Quando o soldado, aproveitando-se do fato de Ele estar preso, O
esbofeteia, o Jesus lhe pergunta com toda serenidade: "Se errei, aponta meu erro. Mas, se não errei, por que me bates?"
Esse, sem dúvida, foi um ensinamento significativo sobre a maneira depôr um
ponto final na violência. Verdadeiramente
sábio, é aquele que não revida.
É aquele que oferece a face oposta da ira, da prepotência, da
arbitrariedade. E essa face só pode ser e da
indulgência.
1860
Maktub
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