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Quem nunca colou?
atire o apagador
Juquinha, menino espertalhão.
Veja que menino espertalhão: pensou que houvesse enganado dona Érica. Fizera
uma prova mensal simplesmente notável e a boa professora, na frente de todos
os alunos, o elogiou.
- Muito bem! Juquinha. A sua prova foi uma, entre as melhores da classe!
O menino, no entanto, ficou vermelho.
- Nossa ! - pensou - se a dona Érica soubesse que a prova foi colada.
Aí, só aí, atinou que havia feito algo errado.
- E se a dona Érica descobrisse? Que vergonha!
Olhou o quadro de honra, seu nome estava em primeiro lugar e bem destacado,
por sinal. Recebeu o boletim e lá estava: 10 em aplicação, com louvor e
merecimento.
- Muito bem, Juquinha! Gostei de ver! Hoje, você deu-me uma grande alegria .
Disse-lhe o pai todo feliz.
- Parabéns meu filho! Deus lhe abençoe; - acrescentou sua mãe, dando-lhe um
abraço.
À tarde, seu pai, trouxe aquela linda caneta que Juquinha sempre desejara. Na
escola, no dia seguinte, todos os seus colegas olhavam-no com admiração e
respeito.
- E agora - pensou Juquinha - como sair desta? Dia mais, dia menos, todos
ficarão sabendo que eu pouco sei. Aí como vai ser? Papai, mamãe, dona Érica
e meus colegas. Todos... todos sentirão vergonha de mim. Ah! Por que
pratiquei tal ação?! Coitada da professora. Tão carinhosa ! Eu fiz a coisa
justamente porque ela estava com "dor d'olhos" e usava uns óculos
grandes e escuros, iguais aos do Silvano.
Juquinha estava inconsolável. Nunca pensou que a coisa fosse parar naquele pé.
Depois de muito pensar, foi à igreja no domingo logo cedo, na reunião de
jovens e menores. Lembrou-se dos constantes ensinamentos que seu pai e sua mãe
sempre lhe deram. Lembrou-se daquele que tem todo poder em Suas mãos: JESUS
CRISTO. Falaria com Deus. Só então resolveria o que fazer.
No templo, ajoelhou-se diante do Pai Celestial e orou assim:
- Meu Deus, e meu Pai que estás nos céus. Primeiro, confesso que fiz a coisa
errada; mas quem não erra um dia na vida, Senhor? Perdoe! Estou com medo que
isso seja descoberto. Papai, mamãe, dona Érica, nunca mais confiarão em
mim. Ajuda! quero sair dessa por favor! É em nome de JESUS CRISTO Teu Amado
Filho, que estou Te pedindo. Amém.
Depois cheio de alegria foi para casa. Já sabia o que fazer: ... Pegar seus
livros, seus cadernos e pôr-se a estudar. Ficou admirado, quanta coisa havia
para aprender! Quanta coisa que dona Érica ensinara, ele quase nada sabia. A
partir daquele momento, não mais parou de estudar; tomou tamanho gosto pelos
estudos, que se aprofundava cada vez mais neste mundo novo, repleto de
felicidade.
No mês seguinte foi fazer a prova mensal muito bem preparado.
E fez, sem nenhum desmerecimento, uma prova maravilhosa! Contudo, faltava-lhe
responder uma pergunta de história e por mais que se esforçasse não
conseguiu lembrar o nome do segundo Governador Geral do Brasil.
Só isso faltava, Juquinha pôs-se a meditar:
- O primeiro foi Tomé de Souza. Ou foi Maurício de Souza? Não. Maurício de
Souza é o pai da Mônica e do Cebolinha, tio do Cascão, sei lá!.
Sim, foi Tomé de Souza mesmo. Não, mas não é esse que eu quero!
O terceiro foi Mém de Sá , e o segundo? Será que não vou lembrar...?! Fez
um péssimo governo. Ah! Que tenho eu com isso? Quem foi?... quem foi...?
Foi então que o diretor da escola chamou a professora e com uma ficha na mão
ficou comentando alguma coisa. Aquilo foi o suficiente para que surgissem
cochichos em toda a sala. Juquinha, porém, continuou impassível, como se
dona Érica o vigiasse. Alguém um pouco atrás de sua carteira, querendo
ajudar um colega, disse com toda a nitidez: Duarte da Costa.
Quando dona Érica voltou a cuidar da classe, ele já sabia a resposta. Era
Duarte da Costa. Ficou triste! queria lembrar-se quem era, por si mesmo.
Mas agora, já não tinha valor aquela pergunta e Juquinha entregou sua prova
sem responder a questão. Depois da correção, dona Érica chamou o menino e
disse-lhe:
- Estou contente com você. Fez uma prova excelente, mas deixou de responder
uma pergunta fácil. Por quê ?
Juquinha contou o porquê deixara de respondê-la. Não mais contendo seus
sentimentos, confessou:
- Sabe,... eu ... eu.. é que...o mês passado...quando tirei um dos primeiros
lugares...
Dona Érica, entretanto, não deixou que ele prosseguisse:
- Eu sei, Juquinha. Vi, quando você olhava em seus cadernos na prova do mês
passado. Ninguém engana a professora. Fiquei com pena de você.
- E a senhora não disse nada... - balbuciou o menino, meio desconsertado,
completamente surpreendido.
- Pra que, Juquinha? Não foi melhor assim?
Juquinha assentiu (acenou) com um gesto de cabeça afirmativamente.
A boa professora sorriu meigamente e abraçou o menino. Conquistara um aluno
exemplar.
Quem nunca colou, que atire o primeiro apagador...
1835
Maktub
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