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Pedra da Felicidade
Nos tempos das fadas e bruxas,um moço achou em seu caminho uma pedra
que emitia um brilho diferente de todas as que ele já conhecera.
Impressionado, decidiu levá-la para casa. Era uma pedra do tamanho
de um limão e pertencia a uma fada, que a perdera por aqueles
caminhos, em seu passeio matinal.
Era a Pedra da Felicidade.
Possuía o poder de transformar desejos em realidade. A fada, ao se
dar conta de que havia perdido a pedra, consultou sua fonte de
adivinhação e viu o que havia ocorrido. Avaliou o poder mágico da
pedra e, como a pessoa que a havia encontrado era um jovem de
família pobre e sofredora, concluiu que a pedra poderia ficar em seu
poder, despreocupando-se quanto à sua recuperação.
Decidiu
ajudá-lo. Apareceu ao moço em sonho e disse-lhe que a pedra tinha
poderes para atender a três pedidos: um bem material, uma alegria e
uma caridade. Mas que esses benefícios somente poderiam ser
utilizados em favor de outras pessoas. Para atingir o
intento, cabia-lhe pensar no pedido e apertar a pedra entre as mãos.
O moço acordou desapontado.
Não gostou de saber que os
poderes da pedra somente poderiam ser revertidos em proveito dos
outros. Queria que fossem para ele. Tentou pedir alguma coisa para
si, apertando a pedra entre as mãos, sem êxito. Assim, resolveu
guardá-la, sem muito interesse em seu uso. Os anos se passaram e
este moço tornou-se bem velhinho. Certo dia, rememorando seu
passado concluiu que havia levado uma vida infeliz, com muitas
dificuldades, privações e dissabores. Tivera poucos amigos,
porém, reconhecia ter sido muito egoísta. Jamais quisera o bem
para os outros. Antes, desejava que todos sofressem tanto quanto
ele. Reviu a pedra que guardara consigo durante quase toda sua
existência; lembrou-se do sonho e dos prováveis poderes da pedra.
Decidiu usá-la, mesmo sendo em proveito dos outros.
Assim,
realizou o desejo de uma jovem, disponibilizando-lhe um bem
material. Proporcionou uma grande alegria a uma mãe revelando o
paradeiro de uma filha há anos desaparecida e, por último, diante de
um doente, condoeu-se de suas feridas, ofertando-lhe a cura. Ao
realizar o terceiro benefício, aconteceu o inesperado: a pedra
transformou-se numa nuvem de fumaça e, em meio a esta nuvem, a fada
- vista no sonho que tivera logo ao achar a pedra - surgiu, dizendo:
- Usaste a Pedra da Felicidade. O que me pedires, para ti, eu farei.
Antes, devias fazer o bem aos outros, para mereceres o
atendimento de teu desejo. Por que demoraste tanto tempo para
usá-la? O homem ficou muito triste ao entender o que se passara.
Tivera em suas mãos, desde sua juventude, a oportunidade de
construir uma vida plena de felicidade, mas, fechado em seu desamor
jamais pensara que fazendo o bem aos outros colheria o bem para si
mesmo. Lamentando o seu passado de dor e seu erro em desprezar os
outros, pediu comovido e arrependido: - Dá-me, tão somente, a
felicidade de esquecer o meu passado egoísta.
1753 Maktub |
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