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Existirá algo mais agradável do que ter alguém com quem falar de
tudo como se estivéssemos falando conosco mesmos?
(Cícero)

 
 


Lírio da Paz
 

Havia em algum lugar, um jardim maravilhoso, onde rosas marias-sem-vergonha, bromélias, orquídeas e tantas outras plantas viviam desfrutando da amizade das borboletas e dos beija-flores.
Entretanto, havia uma planta, que se chamava "lírio da paz", que por mais que se esforçasse não alcançava o seu intento. Água e nutrientes não lhe faltavam, porém só multiplicavam-se as folhas, e a graça de ver flores lhes rebentando o seu caule ainda não havia chegado.

Neste abençoado jardim, havia paz, amor, alegria, contudo quem tinha a tarefa de semear a paz, até então não conseguia prestar o serviço a que fora designado. O jardineiro sempre intrigado, não obtinha respostas para essa anormalidade e de todas as formas estava sempre buscando alternativas para que o "lírio da paz" florescesse.
Em um dia ímpar, com temperaturas amenas e pássaros de diversas espécies cantando, o jardineiro no seu costumeiro labor umedecia os protagonistas desse jardim e quão não foi a sua surpresa ao deparar com uma pequena haste branca que despontava no meio a tantas folhas verdes.

Uma alegria imensa invadiu a sua alma, pois após tantas tentativas infrutíferas, o "lírio da paz" respondeu ao chamado do Criador e justificava a sua existência neste jardim.
Porém, como nem tudo é perfeito, dona rosa confabulava:
- Você viu, o lírio resolveu responder às investidas do jardineiro
Ao que lhe respondia dona maria-sem-vergonha:
- Pois é, estamos todos muito preocupados, pois o jardineiro até parece que esqueceu-se de que nós não o decepcionamos em nenhum momento, e agora resolve dar uma importância tão grande a este "lírio da paz" só por que ele resolveu florescer assim de uma hora para outra.

Entretanto a senhora onze horas, na qual muitos beija-flores sugam o seu néctar, ouvia a tudo atentamente e pediu licença e adentrou à conversa:
- Vocês não estão entendendo a atitude do nosso jardineiro. Para ele nós sempre estávamos ali, presentes em seu dia, e o lírio parecia que queria se perder, por mais que ele se esforçasse o lírio não era feliz. Então é natural a sua alegria, pois mostrou-lhe que todo o amor dispensado ao lírio não foi em vão.

Ao ouvir estas palavras todo o jardim percebeu que o objetivo do jardineiro era que todos os colaboradores da beleza do seu jardim, fossem felizes como ele o era.

(Ingrid Handell)


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