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Quando Deus nos olha
Uma senhora gostava de repetir uma singular experiência que vivera
na sua juventude. Nascera numa pequena aldeia e, filha de uma
família modesta, herdara a profissão da mãe - costureira.
Certo dia, a maquina apresentou um sério defeito e precisou ser levada a uma oficina de consertos que distava vinte quilômetros da aldeia. Colocaram-na num carrinho e se servindo da companhia de uma amiga pôs-se a caminho.
Quando chegaram, o técnico disse-lhes que o conserto demoraria algumas horas - o que de fato ocorreu. Portanto, já era noite quando as duas jovens retomaram o caminho com destino à aldeia.
A quietude da noite as incomodava grandemente e, temendo algum encontro desagradável, especialmente na floresta que forçosamente teriam de atravessar e que ficava distante de qualquer moradia, ambas concluíram que em tais circunstâncias só poderiam contar com a proteção do Senhor.
Ajoelharam-se à beira do caminho e humildemente suplicaram a Deus que as guardasse e as livrasse de qualquer forma de perigo.
Com os corações reconfortados prosseguiram na caminhada, seguras da presença do Senhor. Com um pouco mais de tempo, entraram na floresta. A noite estava clara, mas a sombra da folhagem escurecia de tal maneira a estrada que elas nem sequer podiam ver onde colocavam os pés; porém, seguiam confiantes, sabendo que o Pai nunca desampara aqueles que o buscam.
E nesse pensamento, de repente, viram um enorme cão pastor saído de algum ponto
da floresta, aproximar-se delas e caminhar lado a lado
com as duas. Ambas esperavam que o dono do cão aparecesse a qualquer momento, mas isso não aconteceu e lá seguiram elas o seu caminho, acompanhadas por aquele guarda providencial.
A escuridão crescia à medida que a floresta ficava mais densa e, em dado momento, eis que um homem atravessou-se no caminho, bem perto das jovens, enquanto elas, espantadas, se detiveram à medida que ele ia se aproximando. Foi aí que o guarda providencial entrou em ação.
Eriçou os pêlos, arqueou o corpo e se preparou para saltar sobre o intruso. Este, vendo as intenções do inimigo com quem teria de se bater embrenhou-se de novo na floresta. O animal prosseguiu caminhando ao lado das duas, até chegarem à casa da costureira.
Quando aliviadas abriram a porta e entraram, viraram-se para chamar o cão, na intenção de agradá-lo, mas o animal já havia se afastado e desaparecido na noite escura tão misteriosamente como havia aparecido, quando atravessavam a floresta. As duas jovens nunca mais viram o animal.
1572
Maktub
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