Medo
O
medo era meu companheiro constante. Eu vivia com medo de perder o que tinha
ou de não conseguir o queria ter. E seus me cabelos caírem? E se eu não
conseguir comprar a casa que eu quero? E se eu engordar, ficar flácido e
deixar de ser atraente? E se eu tiver uma deficiência física e não puder
praticar esportes com meu filho? E se eu ficar velho, frágil e não tiver
nada a oferecer aos que me cercam?
Mas a
vida ensina a quem quer aprender. Se meus cabelos caírem, vou ser o careca
mais simpático e agradecer pelas idéias que a minha cabeça produzir,
apesar da falta de cabelo.
Não
é a casa que faz alguém feliz. Um coração infeliz não se sente melhor
em nenhuma casa. Mas um coração em paz torna qualquer
casa feliz.
Se eu
dedicar mais tempo a me desenvolver emocional, mental e espiritualmente, em
vez de só me preocupar com o físico, vou me sentir cada vez mais atraente.
Se uma
deficiência física me impedir de praticar esportes com meu filho, vai me
sobrar mais tempo para ensinar-lhe a resolver os problemas da vida, o que é
uma prática muito mais útil.
Se a
idade for me roubando as forças, a agilidade mental e a resistência física,
poderei oferecer aos que conviverem comigo a força das minhas convicções,
a profundidade de minha ternura e a solidez de uma alma cuidadosamente
esculpida pelas arestas de uma longa existência.
Se o
destino me trouxer perdas e desilusões, vou enfrentar o desafio com
dignidade e determinação, pois são muitas as dádivas divinas, e posso
substituir cada uma perdida por outras dez que eu nunca perceberia se a vida
sempre fosse um mar-de-rosas.
Quando
eu não puder mais dançar, vou cantar com alegria e, quando não tiver mais
forças para cantar, vou ouvir as músicas de que mais gosto.
Quando
minha respiração for apenas um leve sopro, vou pensar nos meus entes
queridos e meu coração vai se aquecer de saudade. E quando a luz mais
brilhante se aproximar, vou rezar em silêncio
e entrar
nela.
Então
terá chegado a hora de ir embora mesmo.
E irei ter medo de quê?
1480
Maktub
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