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Rejeitando o Perdão
Frederico II., da Prússia, além de extraordinário
estadista, conseguiu também ser muito amado pelo seu
povo, em virtude da sua singular popularidade. Certo
dia, trajando-se como qualquer cidadão comum,
encaminhou-se para uma prisão militar a fim de
visitar os encarcerados, e fez absoluta questão de
falar com cada detento em particular e a cada um
dirigiu a mesma pergunta, demonstrando também o mesmo
interesse em ouvir:
- Qual é o motivo que o trouxe para cá e qual é a
sua sentença? - indagava.
Escutou pacientemente a resposta de cada um e acabou
desanimado com o que ouviu. Quase toda a população
carcerária apresentou, de uma ou de outra forma, a
sua inocência - vítima de falsos amigos, engano das
testemunhas, erro judiciário e assim por diante.
Terminado o período de visitas, enquanto se retirava,
ele viu, debruçado na grade, um homem triste e
visivelmente arrasado. Para ser justo, dirigiu-lhe
também a mesma pergunta, que vinha fazendo a todos os
demais, ao que o homem respondeu:
- Desde bem criança fui rebelde e indisciplinado. Com
isso fiz sofrer demais os meus velhos pais. Tornei-me
homem, porém, nunca enfrentei o trabalho dignamente.
Assim, para sobreviver eu comecei a roubar e, então,
de erro em erro não me permiti amadurecer nem
raciocinar e me firmar em um caminho seguro; até que,
preso por furto e vadiagem, vim parar na prisão.
Consciente dos seus erros premeditados e cultivados,
aquele homem assumiu a sua culpa, concluindo a
conversa com esta confissão:
- Minha vida está arruinada por minha própria culpa
e agora eu sofro com justiça a punição dos erros
cometidos. Olhe, moço, eu bem quisera ter a
oportunidade de poder começar minha vida de novo, e
então, tudo haveria de ser diferente, porque a começaria
pela dignidade e pelo respeito próprio. Mas, nem sei
se tenho o direito de sonhar com isso...
Naquela mesma hora, Frederico II. ordenou a sua
libertação, dizendo: - Ainda poderemos esperar alguma mudança. Os outros têm
que ficar! Procurar justificar as falhas inocentando-se de
qualquer culpa foi o que Adão e Eva já fizeram, logo
de início, lá no Éden.
Maktub
1460 |
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