Eu trabalhava como telefonista. Dava informações sobre números de
telefones; entretanto, muitas pessoas acham que o pessoal da "Informações"
sabem tudo de tudo.
Já atendi perguntas como,
- Conhece aquela garota? Ela mora em uma casa marrom na rua 1. É minha colega
de escola e tem o cabelo castanho.
Já recebi, também, consultas do tipo,
- Você pode me dizer como fazer uma salada de ovos?
Bem, um dia eu recebi uma chamada e era próximo ao Natal. Como sempre, eu
disse,
- Serviço de auxílio à lista, posso lhe ajudar?
Havia um homem ao telefone e com uma voz muito triste disse,
- Madame, eu preciso... meu gato precisa de alguma comida".
Soou assim como alguém sem saída mas eu tive que desligar.
Era contra o
regulamento dar qualquer tipo de informação que não fosse números de
telefones, assim sendo, eu desliguei. Ele ligou novamente e por algum milagre
eu o atendi outra vez. E outra vez,com sua voz frágil, disse,
- Madame, por favor não desligue. Meu pobre gato... está com muita fome.
Tudo que quero para o Natal é dar-lhe alguma comida. Por favor, moça... por
favor, me ajude.
O que eu poderia fazer? O pobre homem parecia sincero. Eu tinha que fazer
alguma coisa! Rapidamente lhe pedi seu endereço e anotei em um pedacinho de
papel. Falei para ele que veria o que se poderia fazer. Eu sabia apenas que eu
tinha que fazer alguma coisa para ajudar aquele pobre homem e seu gato. Fui até
o meu supervisor e perguntei se eu poderia sair mais cedo. Começava a
escurecer e estava começando a nevar.
Saí do prédio e fui à uma dessas lojas que vendem ração. Eu comprei
um
saco grande de comida para gato, amarrei uma grande fita vermelha nele e
juntei um cartão de Natal. Eu apanhei o endereço do homem em meu bolso e fui
procurar sua casa.
Estava em uma parte desagradável da cidade e quando cheguei estava escuro e
nevando. Eu andei até a varanda e subi as escadas, que rangiam sob meus pés.
Coloquei o saco de ração no chão, toquei a campainha da porta e corri para
o meu carro e me escondi.De meu carro fiquei observando enquanto um homem, bem
velho e curvado, abriu a porta.
O sorriso em seu rosto quando viu a ração e leu o cartão foi o melhor
presente de Natal que já recebi!