Um nobre senhor mandou um dia o seu criado ao
açougue, dizendo-lhe:
- Traze-me o melhor bocado que lá encontrares.
Para atender fielmente ao pedido de seu amo, o servo trouxe-lhe uma língua.
O nobre senhor mandou que as criadas preparassem aquela língua, e assim se deliciou com o estranho e apetitoso bocado.
Dias depois, o senhor chamou novamente o servo e recomendou-lhe:
- Traze-me agora, do mesmo açougue, o bocado mais desprezível que encontrares.
O criado foi depressa, pensou, e trouxe mais uma língua. Tomado de
admiração, o seu senhor indagou-lhe:
- Que significa isso: pedi o melhor bocado e me trouxestes uma língua;
depois pedi o pior bocado e me trouxestes também uma língua?
Então o servo, que era sumamente sábio, explicou-lhe:
- Não me enganei, senhor. É isso mesmo: a língua é, ao mesmo tempo, tudo o que há de melhor e tudo o que há de pior no mundo. Pode causar os melhores
bens na boca de uma pessoa boa e pode causar os maiores males na boca de uma pessoa má.
(Autor: Pe. Luiz Checinato)
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