Rifa-se um
coração
Rifa-se
um
coração
quase
novo.
Um
coração
idealista.
Um
coração
como
poucos.
Um
coração
à moda
antiga.
Um
coração
moleque
que
insiste
em
pregar
peças no
seu
usuário.
Rifa-se
um
coração
que na
realidade
está um
pouco
usado,
meio
calejado,
muito
machucado
e que
teima
em
alimentar
sonhos
e,
cultivar
ilusões.
Um pouco
inconseqüente
que
nunca
desiste
de
acreditar
nas
pessoas.
Um
coração
insensato
que
comanda
o
racional
sendo
louco o
suficiente
para se
apaixonar.
Sai do
sério e,
às vezes
revê
suas
posições
arrependido
de
palavras
e
gestos.
Este
coração
tantas
vezes
incompreendido.
Tantas
vezes
provocado.
Tantas
vezes
impulsivo.
Rifa-se
este
desequilibrado
emocional
que,
abre
sorrisos
tão
largos
que
quase dá
pra
engolir
as
orelhas.
Um
coração
para ser
alugado,
ou mesmo
utilizado
por quem
gosta de
emoções
fortes.
Um órgão
abestado
indicado
apenas
para
quem
quer
viver
intensamente
e contra
indicado
para os
que
apenas
pretendem
passar
pela
vida
matando
o tempo,
defendendo-se
das
emoções.
Rifa-se
um
coração
tão
inocente
que se
mostra
sem
armaduras
e deixa
louco o
seu
usuário.
Rifa-se
um
coração,
ou mesmo
troca-se
por
outro
que
tenha um
pouco
mais de
juízo.
Um amigo
do peito
que não
maltrate
tanto o
ser que
o
abriga.
Um
coração
que não
seja tão
inconseqüente.
Rifa-se
um
coração
cego,
surdo e
mudo,
mas que
incomoda
um
bocado.
Um
verdadeiro
caçador
de
aventuras
que,
ainda
não foi
adotado,
provavelmente,
por se
recusar
a
cultivar
ares
selvagens
ou
racionais,
por não
querer
perder o
estilo.
Oferece-se
um
coração
vadio,
sem
raça,
sem
pedigree.
Um
simples
coração
humano.
Um
coração
que
quando
parar de
bater
ouvirá o
seu
usuário
dizer
para São
Pedro na
hora da
prestação
de
contas.
"O
Senhor
poder
conferir.
Eu fiz
tudo
certo,
só errei
quando
coloquei
sentimento.
Só fiz
bobagens
e me dei
mal
quando
ouvi
este
louco
coração
de
criança
que
insiste
em não
endurecer
e, se
recusa a
envelhecer".
Um velho
coração
que
convence
seu
usuário
a
publicar
seus
segredos
e a ter
a
petulância
de se
aventurar
como
poeta.