Zé era uma dessas pessoas
que vivia fugindo das
dificuldades. Sempre
procurou o caminho mais
curto e cômodo. Era mestre
em atalhos. Nem sempre suas
soluções eram as melhores.
Mas sempre estavam de acordo
com os seus próprios
interesses. Sofrimento era
uma palavra que simplesmente
não existia no dicionário do
Zé.
Tudo o que pudesse provocar
algum tipo de desconforto
era imediatamente colocado
em segundo lugar. Coisas
como: solidariedade, amor,
humildade, perdão...
Um dia Zé morreu...
Ao chegar no Céu encontrou
São Pedro em frente a uma
grande porta com uma imensa
cruz de mais ou menos cinco
metros. Zé saudou o Santo
com a intimidade de um velho
conhecido, do jeito que
fazia com os amigos nos
bares da vida, quando queria
pedir algum favor.
Depois, então, Zé lhe
perguntou:
- Qual o caminho mais curto
para o céu?
São Pedro respondeu:
- Seja Bem-vindo, Zé! A
porta é por aqui mesmo...
Entre!
Zé entrou e viu uma longa
escada, bastante estreita e
pedregosa. E perguntou
imediatamente, como fazia
nos velhos tempos:
- Não tem um caminho mais
curto?
São Pedro respondeu com
ternura e autoridade:
- Não, Zé. O caminho é esse
mesmo. Todos os que entram
no céu passam por aqui. E
tem mais. Você deverá levar
esta Cruz até lá. São apenas
cinco quilômetros de
caminhada.
O Zé olhou para a Cruz e
pensou com seus botões:
- Vou dar um jeitinho.
Agradeceu e saiu com sua
Cruz em direção ao Paraíso.
Caminhou um quilômetro sem
dificuldades. Foi então que
viu um serrote esquecido no
chão. Olhou ao redor, não
viu ninguém e não resistindo
a tentação, cortou um metro
da Cruz. Continuou o seu
caminho mas levou junto o
serrote. Mais um quilômetro,
mais um metro cortado. Mais
um quilômetro... cortou
outro metro.
Quando faltava apenas cem
metros para chegar no Céu só
havia mais um metro da Cruz.
E lá ia o Zé carregando a
cruz sem dificuldade, como
sempre fez durante toda sua
vida.
Foi então que aconteceu o
inesperado. Para chegar até
o Céu, seria necessário
atravessar um precipício. A
distância até a outra margem
era de cinco metros. Zé
podia ver apenas um fogo
intenso no fundo do
precipício. Faltou
coragem... ele não seria
capaz de saltar tão longe.
Desanimado, sentou. Lembrou
então a oração do Anjo da
Guarda que aprendera com sua
avó. Começou a rezar ... e
logo seu Anjo da Guarda
apareceu e perguntou:
- Ei Zé... o que você está
esperando? A festa lá no Céu
está uma maravilha! Você não
está escutando a música e as
danças? Porque você está
aqui sentado?
Zé respondeu:
- Cheguei até aqui, mas
tenho medo de pular este
precipício.
O Anjo, então, exclamou:
- Ora Zé, use a ponte!
- Que ponte? Perguntou o Zé.
E o Anjo respondeu:
- Aquela que São Pedro lhe
deu lá na entrada! Onde está
a sua ponte, Zé?
E Zé, compreendendo o seu
grande erro, respondeu
tristemente ao Anjo:
- Eu cortei!
Os caminhos mais curtos
sempre nos levam a algum
lugar, mas nem sempre nos
ajudam a alcançar os nossos
objetivos.
Uma linda semana !!
Bom dia!!!