Pense
Quando a sombra do desencanto vier
acompanhar teus sonhos, pense naqueles que nunca
tiveram condições de sonhar, por se encontrarem
na vida em constantes pesadelos, na luta
incessante contra a fome que pede a atenção
permanente, e que pode levar ao desespero e à
loucura.
Quando te acreditares desamparado, pense nas
criancinhas que perambulam pelas ruas, sentindo
o frio das noites medonhas e escuras, pedindo
pelo aconchego de um braço materno ou pela
orientação de um pai, que possa evitar a
precipitação nos abismos do vício.
Quando te encontrares enfermo, pense naqueles
que jazem nos leitos dos hospitais, sem a
presença de algum familiar, tendo por companhia
apenas o medo da morte, padecendo terríveis
dores físicas e morais de moléstias incuráveis.
Quando perderes a esperança, pense nos
criminosos que se amontoam nas celas inóspitas
dos presídios, torturados pelo remorso e pela
revolta, algemados nas correntes do ódio e do
sentimento de vingança.
Quando te queixares pelo cansaço, pense nos
paralíticos, nos aleijados, nos deficientes de
toda sorte, que, na imobilidade das forças
físicas, dariam tudo para poderem trabalhar e
servir.
Quando perderes alguma posição no mundo, pense
naqueles que já abandonaram a vestimenta carnal,
a fim de assinalares o verdadeiro significado do
poder, do sucesso, da riqueza ou da fama
temporal.
Quando te encontrares satisfeito em todas as
tuas necessidades, pense naqueles que dormem nos
prazeres efêmeros da vida material - esquecidos
de que a vida é simples passagem, que requer de
nós trabalho e engrandecimento - para depois
despertarem na vida espiritual sob completa
miséria moral.
Quando te sentires feliz, pense nos desvalidos,
nos estropiados, nos desequilibrados, nos
tristes, a fim de que, compartilhando da tua
felicidade, possas multiplicá-la.
Quando te considerardes sem motivos para viver,
pense naqueles que estão à beira do precipício
do suicídio, ou naqueles que já tiraram a
própria vida, socorrendo-os com a tua
solidariedade, e assim, certamente encontrarás
uma forte razão para viver.
E quando nada disso vier a te sensibilizar ou
transformar a tua posição mental, pense naquele
que se deixou imolar na cruz, humilhado e
abandonado, a fim de aliviar os nossos pesados
sofrimentos; aquele que pronunciou o “vinde a
mim” e ofereceu-nos o “jugo suave” e o “fardo
leve”.
Embora não
tenhamos com freqüência pensado nele,
Ele continua, até hoje, pensando em nós.
Bom dia!!!
(Alexandre Paredes)