O sultão estava a bordo de um
navio com um dos seus melhores servos. O
servo, que nunca havia feito uma viagem (com
efeito, como filho das montanhas ele nunca
tinha visto o litoral), sentou-se no porão do
navio e chorava.
Todos foram bondosos para com ele e procuraram
acalmar seu medo, mas essa bondade chegou
somente ao seu ouvido, não ao seu coração
medroso.
O rei não agüentava mais ouvir os gritos do seu
servo, e a viagem pelas águas azuis, debaixo do
céu azul, já não tinha prazer para ele.
Então o sábio Raquim, o médico, aproximou-se
dele e disse:
- Vossa Majestade, com vossa permissão, eu posso
acalmá-lo.
Sem demorar um instante, o sultão deu sua
permissão.
O Raquim mandou que os marinheiros jogassem o
homem ao mar; os marinheiros fizeram isso ao
chorão com muito prazer.
O servo debateu-se na água, fez esforços para
respirar, agarrou-se à borda do navio e implorou
que o tomassem a bordo de novo.
Então eles puxaram-no para cima pelos cabelos.
Daquele momento em diante ele sentou-se muito
quieto
num canto. Ninguém ouviu mais uma palavra de
medo da sua boca.
O sultão ficou assombrado e perguntou ao raquim:
- Que sabedoria está contida nessa ação?.
O Raquim respondeu:
- Ele nunca tinha saboreado o sal da água do
mar.
E ele não conhecia o grande perigo que existe no
mar.
Portanto ele não poderia saber quão maravilhoso
é ter as pranchas fortes do navio debaixo dele.
Somente aquele que já enfrentou o perigo pode
saber o valor da paz e da tranqüilidade.
Algumas pessoas choram pela vida, reclamam
disso daquilo
procuram magias, religiões e tudo mais, pra
resolver problemas
que estão dentro delas. Não conseguem ver o
mundo diferente
mais colorido com mais paz e tranqüilidade.
Algumas delas precisam
ser atiradas ao mar...outras estão no mar e
precisam ser salvas.