Declaração
de amor às mulheres
(Único espécime 99% perfeito e vejam porque não é
100%)
Se uma memória restou das festinhas e reuniões
familiares da minha infância, foi a divisão sexual entre os
convivas: mulheres de um lado, homens do outro. Não sei se
hoje isso ainda ocorre. Sou anti-social a ponto de não
freqüentar qualquer evento com mais de 4 pessoas, o que não me
credencia a emitir juízo. Mas era assim que a coisa rolava
naqueles tempos.
Tive uma infância feliz: sempre fui
considerado esquisito, estranho e solitário, o que me permitia
ficar quieto observando a paisagem.
Bem, rapidinho
verifiquei que o apartheid sexual ia muito além das diferenças
anatômicas. A fronteira era determinada pelos pontos de vista,
atitude e prioridades.
Explico: no "corner" masculino
imperava o embate das comparações e disputas. Meu carro é mais
potente, minha TV é mais moderna, meu salário é maior, a vista
do meu apartamento é melhor, o meu time é mais forte, eu dou 3
por noite e outras cascatas típicas da macheza
latina.
Já no "corner" oposto, respirava-se outro ar.
As opiniões eram quase sempre ligadas ao sentir. Falava-se de
sentimentos, frustrações, recalques, com uma falta de
cerimônia que me deliciava. Os maridos preferiam classificar
aquele ti-ti-ti como fofoca. Discordo.
Dessas
reminiscências infantis veio a minha total e irrestrita paixão
pelas mulheres. Constatem, é fácil.
Enquanto o homem vem ao
mundo completamente cru, freqüentando e levando bomba no
bê-a-bá da vida, as mulheres já chegam na metade do segundo
grau.
Qualquer menina de 2 ou 3 anos já tem
preocupações de ordem prática. Ela brinca de casinha e aprende
a dar um pouco de ordem nas coisas. Ela pede uma bonequinha
que chama de filha e da qual cuida, instintivamente, como
qualquer mãe veterana. Ela fala em namoro mesmo sem ter uma
idéia muito clara do que vem a ser isso. Em outras palavras,
ela já chega sabendo. E o que não sabe, intui.
Já com
os homens a historia é outra. Você já viu um menino dessa
idade brincando de executivo? Já ouviu falar de algum moleque
fingindo ir ao banco pagar as contas? Já presenciou um bando
de meninos fingindo estarem preocupados com a entrega da
declaração do Imposto de Renda? Não, nunca viram e nem verão.
Porque o homem nasce, vive e morre uma existência juvenil. O
que varia ao longo da vida é o preço dos brinquedos.
E
aí reside a maior diferença: o que para as meninas é treino
para a vida, para os meninos é fantasia, é competição. É fuga.
Falo sem o menor pudor. Sou assim. Todo homem é
assim.
Em relação ao relacionamento homem/mulher,
sempre me considerei um privilegiado. Sempre consegui enxergar
a beleza física feminina mesmo onde, segundo os critérios
estéticos vigentes, ela inexistia. Porque toda mulher é linda.
Se não no todo, pelo menos em algum detalhe. É só saber
olhar.
Todas têm sua graça. E embora contaminado pela
irreversível herança genética que me faz idolatrar os ícones
de cafajestismo, sempre me apaixonei perdidamente por todas as
incautas que se aproximaram de mim. Incautas não por serem
ingênuas, mas por acreditarem. Porque toda mulher acredita
firmemente na possibilidade do homem ideal. E esse é o seu
único defeito.
Bom dia!!
autor:(Carlos Eduardo
Froney)