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Um golpe de sorte
Parei para tomar meu rotineiro café da manhã
no lugar de sempre e fiquei satisfeito em
não encontrar nenhum outro carro no
estacionamento. Minha rotina normal é
esperar numa longa fila até receber minha
dose matutina de cafeína. Ao abrir a porta
notei apenas um companheiro no balcão.
O cavalheiro lutava para explicar seu pedido
à jovem aparentemente impaciente,
- c-a-f-é p-e-q-u-e-n-o e u-m
p-ã-o c-o-m c-r-e-m-e.
Ele falou muito lentamente e eu notei que
ele segurava seu braço esquerdo contra seu
peito. Me era óbvio que ele tinha sofrido um
derrame - como eu tive quatro anos antes. Ao
contrário deste companheiro, minhas
deficiências são poucas e imperceptíveis.
O fato de que eu às vezes não consigo me
lembrar do que jantei na noite anterior
nunca me perturbou. Sou suficientemente
afortunado para lembrar-me de que comi, que
havia comida na mesa e que eu não fui para a
cama faminto como tantos outros neste nosso
mundo. Não, o fato de não me lembrar do
cardápio é uma questão muito pequena numa
vida muito abençoada.
Eu cheguei ao balcão a tempo de ouvir a
jovem perguntar novamente, - O que é
que o senhor deseja?
Dei uma olhada no homem, na jovem, e então
eu interrompi,
- Acho que o cavalheiro quer um café pequeno
e um pão com creme. A jovem virou-se para
mim, deu uma olhada no cavalheiro e foi
preparar o pedido. O homem virou-se
lentamente em minha direção e sorriu.
Quando o pedido foi colocado à frente do
homem, a jovem pegou seu dinheiro e colocou
o troco no balcão. Ele cuidadosamente tentou
pegar as moedas com suas mãos trêmulas.
- Posso atender a próxima pessoa na fila?
Eu não conseguia acreditar que ela não dava
a mínima para a luta daquele homem e só
estava preocupada em receber meu pedido.
- A próxima pessoa, a única outra pessoa
nesta fila sou eu. Estarei com você num
minuto, logo que eu terminar de ajudar a
este cavalheiro.
Peguei seu troco e coloquei na sua mão.
Então, quando ele tentou levantar seu pão,
eu peguei seu café e o ajudei a chegar até
uma pequena mesa no canto.
Ele sentou-se lentamente, posicionando seu
braço esquerdo na mesa e disse,
O-b-r-i-g-a-d-o. D-e-u-s m-e
m-a-n-d-o-u u-m a-n-j-o
h-o-j-e.
Ele sorriu quando respondi, - Não, Deus
mandou o anjo para mim. Veja, sofri um
derrame também. Sobrevivi a um aneurisma no
cérebro há quatro anos. Foi um golpe de
sorte Deus colocar você em meu caminho nesta
manhã para me lembrar de como sou abençoado.
Abençoado por estar aqui para ajudá-lo.
Abençoado porque posso usar meus dois
braços. Abençoado porque me foi dado o
presente da compaixão que abriu os meus
olhos num mundo que é cego ao sofrimento
alheio.
Voltei ao balcão e fiz meu pedido. A jovem
ignorava a conversa que acabara de acontecer
entre meu novo amigo e eu. Eu quis contar
para ela. Pensei que talvez abriria os seus
olhos.
- Ele teve um derrame e esta é a razão pela
qual ele move e fala tão lentamente.
Ela inclinou-se e disse, - 1.29. Mais
alguma coisa?
Entreguei-lhe o dinheiro, tomei meu café e
acenei me despedindo de meu novo amigo que
sorria e aproveitava seu pão.
Por quê não podemos ver o sofrimento ao
nosso redor?
Tornamo-nos tão envolvidos em nossa rotina
diária, nossas tarefas e nossos trabalhos
que não reconhecemos a necessidade de parar
ou ir mais devagar e ajudar àqueles menos
afortunados? Um simples sorriso. Uma palavra
bondosa. Uma mão ajudando estes que têm
apenas uma mão.
Que não fiquemos tão envolvidos e
possamos ver claramente através do véu de
sofrimento que existe ao nosso redor.
Agradeçamos pelas pequenas coisas como ser
capaz de ajudar alguém que precisa.
Bom dia!!!
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