Fui ajudá-lo chorar
Como
anda seu envolvimento com as outras pessoas? Você é daqueles que se
fecham em seus problemas, em suas dificuldades, nem sequer querendo
saber se existe alguém à sua volta que precisa de ajuda? Ou você é
daquelas almas que já consegue se envolver com as dores alheias,
procurando diminuí-las, ou pelo menos não deixando que alguém sofra na
solidão?
Há uma certa passagem que pode ilustrar isso; passagem vivida pelo autor
Leo Buscaglia, quando, certa vez, foi convidado a ser jurado de um
concurso numa escola. O tema da competição era: ”a criança que mais se
preocupa com os outros”.
O vencedor foi um menino cujo vizinho, um senhor de mais de oitenta
anos, acabara de ficar viúvo. Ao notar o velhinho no seu quintal, em
lágrimas, o garoto pulou a cerca, sentou-se no seu colo e ali ficou por
muito tempo.
Quando voltou para sua casa, a mãe lhe perguntou o que dissera ao pobre
homem. Nada – disse o menino – ele tinha perdido a sua mulher, e isso
deve ter doído muito. Eu fui apenas ajudá-lo chorar.
A pureza do coração das crianças é sempre fonte de ensinamentos
profundos. Geralmente costumamos dizer que não estamos aptos a ajudar
alguém, por não sermos capazes, ou porque sabemos tão pouco para
consolar. Para muitos, esta é uma posição de fuga, uma desculpa que
encontramos para mascarar o egoísmo que ainda grita dentro de nossa
alma, dizendo que precisamos primeiro cuidar de nós mesmos, e que os
outros são menos importantes.
Para outros, isso reflete a falta de esclarecimento, pois precisamos
compreender que todos temos capacidade de auxiliar. Não nos preocupemos
se não conhecemos palavras bonitas para dizer, ou se não podemos
conceber uma saída miraculosa para uma dificuldade que alguém atravesse.
Nossa companhia, nosso ombro amigo, nosso dizer “estou aqui com você”,
são atitudes muito importantes.
Muitas vezes, o que as pessoas precisam é de alguém para chorar ao seu
lado, para estar ali, afastando o fantasma da solidão para longe, e não
permitindo que os pensamentos depressivos tomem conta de seu senso.
Outras vezes, mais importante que os conselhos, que as lições de moral,
é o nosso abraço apertado, nosso tempo para ouvir o desabafo de alguém.
Não precisamos ter todas as respostas e soluções dos problemas do mundo
em nossas mãos, para conseguir ajudar. Os verdadeiros heróis são aqueles
que ofertam o que tem, o que sabem, e, mais do que tudo, ofertam seus
sentimentos, suas lágrimas aos outros.
"Ainda que sejamos inábeis ao falar, se as nossas palavras forem
ditas com amor, terão o poder de mover as pessoas."
(Mokiti Okada)
Bom dia!!!