Certa feita, os emissários benditos, por designação celestial,
foram à floresta com a tarefa de visitarem os ninhos de todas as espécies
de aves para distribuir, a cada agrupamento, as suas missões junto à
Terra.
Todas as aves foram agraciadas com tamanho e beleza, visão e precisão
na caça pela sobrevivência e perfeição no vôo.
Enquanto os trabalhadores do Senhor cumpriam suas tarefas, alguns pássaros
envaideceram-se e festejavam demonstrando uns aos outros o que haviam
recebido.
As cotovias, porém, sofreram toda a sorte de desprezo e escárnio.
Diziam que elas não possuíam importância para Deus, pois os
melhores "dons" haviam sido atribuídos aos mais
experientes, maiores e melhores. De que serviria, então, o dom do
canto diante dos grandes desafios da vida?
Após certo tempo, os emissários retornaram à floresta com o intuito
de verificarem como foram utilizados os "dons" que haviam
sido depositados naqueles corações. Alguns os utilizaram de forma
digna e correta, porém outros desvirtuaram seus caminhos e
entregaram-se totalmente à vaidade.
Antes de partirem, os representantes divinos encontraram as cotovias
resignadas e aconchegadas em seus ninhos. Ao se aproximarem, as
pequeninas derramavam lágrimas e, emocionadas, cantavam corajosamente
em perfeita afinação, louvando e agradecendo todas as lições que
aprendiam dia a dia com as dificuldades do mundo e com os desafios de
enfrentar o impiedoso prado, fazendo suas dores converterem-se em
melodias, sem lamento ou reclamações, até o momento de suas mortes.
Tamanha era a força daquele canto que todos paravam para escutá-lo
e, assim, sentiam suas almas tocadas por profundo alívio e alegria.
Embevecidos pela majestosa cantoria, os trabalhadores celestes
reconheceram o esforço daquelas humildes criaturas e, como
recompensa, quando libertas dos infortúnios do corpo emplumado,
passavam a habitar as moradas celestiais, como membros das orquestras
de luzes, com a missão especial de derramar sobre a humanidade as
melodiosas virtudes: coragem, esperança e fé.
Bom dia!!
Ferdinando, psicografia de Gilvanize B. Pereira
2370