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O Desconhecido tatuado
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Ele era assustador. Sentado na
grama com seu cartaz de papelão, seu cão (realmente seu cão era adorável)
e tatuagens por ambos os braços e pescoço. Seu cartaz anunciava que estava
cansado e com fome e pedia ajuda.
Eu me sinto compelida a ajudar qualquer um que necessite. Meu marido, ao mesmo
tempo, adora e odeia esta minha "qualidade". Isto, freqüentemente,
o faz nervoso, e eu sabia que se me visse naquele momento, ele ficaria
nervoso. Mas ele não estava comigo.
Eu arranquei vagarosamente a camionete e através do retrovisor, contemplei
aquele homem, com tatuagem e tudo. Talvez quarenta anos... Usava uma daquelas
bandanas amarrada sobre a cabeça, estilo pirata. Qualquer um poderia ver que
ele estava sujo e tinha a barba bagunçada.
Mas se você olhasse bem de perto,
veria que suas coisas estavam bem organizadas em um pequeno pacote. Ninguém
parava para ele. Eu via que os outros motoristas davam uma rápida olhada e já
prestavam atenção em outra coisa - qualquer outra coisa.
Estava muito quente. Eu podia ver nos olhos do homem como deprimido e cansado
se sentia. O suor escorrendo pelo rosto, enquanto eu estava com
o ar
condicionado ligado.
Eu peguei minha bolsa e tirei uma nota de dez dólares. Nick, meu filho mais
velho, com doze anos, sabia exatamente o que eu estava querendo fazer.
- Posso levar para ele, mãe?
- Sim, mas tenha cuidado. Eu o adverti e lhe entreguei o dinheiro. Eu prestei
atenção, pelo espelho, enquanto meu filho se aproximou do homem, e com um
sorriso tímido, lhe entregou o dinheiro.
Eu vi o homem, assustado,
levantar-se, pegar o dinheiro e guardar no bolso de trás.
- Bem, - Pensei comigo mesma - pelo menos agora ele poderá comer alguma
coisa.
Me senti satisfeita e orgulhosa de mim mesma. Eu tinha feito uma boa ação e
agora eu poderia continuar meu dia.
Quando Nick voltou ao carro, olhou-me com tristeza, os olhos suplicantes,
- Mãe, o cachorrinho está com muito calor.
Eu sabia que tinha que fazer mais. E pedi à Nick,
- Volte e diga-lhe para ficar por ali, estaremos de volta em 15 minutos.
Nick saiu do carro e correu até o desconhecido tatuado. Eu pude notar
como o
homem estava surpreso. Mas concordou.
Corremos até o supermercado mais próximo. Compramos alguma comida; um saco
de ração e uma vasilha para água para o cachorrinho; duas garrafas de água
(uma para o cão, uma para o Sr. Tatuagem) e mais alguns
biscoitos para o
homem.
Voltamos rapidamente ao ponto onde o deixamos, e lá estava ele, esperando imóvel.
E ninguém mais parava para ele. Com as mãos tremendo, eu agarrei os sacos e
sai do carro, todas as minhas quatro crianças seguiram-me, cada uma
carregando um "presente". Enquanto andávamos até ele, eu tive um
pequeno receio: e se ele for perigoso?
Quando olhei em seus olhos vi algo que me assustou e me deixou
envergonhada
por meu julgamento. Eu vi lágrimas.
Ele lutava, como um menino, para segurar
as lágrimas.
Há quanto tempo ninguém mostra alguma bondade com este homem?
Eu disse a ele
que eu esperava que não estivesse muito pesado para ele carregar e mostrei o
que tínhamos trazido. Ele parecia uma criança no Natal. Quando peguei a
vasilha para água, ele a arrebatou de minhas mãos como se fosse ouro e me
disse que não tinha como dar água a seu cão.
Meus olhos encheram-se de lágrimas quando ele disse
- Madame, eu nem sei o que dizer. Então colocou as mãos sobre a cabeça e
começou a chorar. Este homem, este homem "assustador", era tão
delicado,
tão doce, tão humilde.
Eu sorri, me segurando e disse - Simplesmente não diga nada.
Enquanto nos afastávamos, pude percebê-lo ajoelhado, os braços em torno de
seu cão, beijando seu focinho e sorrindo.
Eu tenho tanto... Minhas preocupações agora me parecem tão tolas e
insignificantes. Eu tenho um lar, um bom marido, quatro belas e sadias crianças.
Eu tenho uma cama confortável. Eu gostaria de saber onde aquele homem
dormiria à noite.
Minha filha, Brandie virou-se para mim e disse com a voz muito doce,
- Mãe, estou me sentindo tão bem...
Embora pareça que nós tenhamos ajudado, o homem com suas tatuagens
é que
nos deu um presente do qual jamais me esquecerei.
Ele ensinou que não importa a aparência, dentro de cada um de nós existe
um
ser humano merecedor de bondade, de compaixão, de aceitação.
A cada noite eu oro para o homem com as tatuagens e seu cão.
E eu espero que,
ao longo de minha vida, Deus envie mais pessoas
como ele para me lembrar do
que é realmente importante.
Texto de Susan Farr Fahncke
1820
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