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Nosso Natal mais
rico
Quando o nosso filho Julinho tinha seis anos, estávamos atravessando um período
de má situação financeira e só podíamos comprar o indispensável para
viver. Alguns dias antes do Natal, dissemos a ele que não poderíamos
comprar presentes nas lojas, para nenhum de nós.
Mas com imaginação e amor poderíamos brincar de presentear uns aos
outros.
Assim, nós combinamos que cada um desenharia o presente que gostaríamos de
dar aos outros da família. A idéia agradou e a partir desse dia começamos
a trabalhar em segredo com muita alegria e sorrisos misteriosos.
Um carro verde para o papai. Uma pulseira e uns brincos para mim. Para o
Julinho os presentes eram aqueles que recortávamos de algumas revistas. Os
melhores presentes para ele foram um tenda de brincar de índio e uma
piscina de plástico, desenhadas pelo papai.
O presente melhor do papai para mim foi a nossa casa dos sonhos, pintada à
aquarela, branca, com janelas verdes e touceiras de flores no jardim. E o
papai recebeu um punhado de versos meus, inspirados nas coisas tristes e
acontecimentos alegres das nossas vidas.
Naturalmente não esperávamos nenhum "melhor presente" do
Julinho. Mas, com gritinhos de alegria, ele entregou um desenho grande,
feito por ele, com lápis de cor, dentro da mais pura "técnica
surrealista". Era sem dúvida um grupo de três pessoas rindo: um
homem, uma mulher e um menininho. Tinham seus braços entrelaçados uns nos
outros de tal forma que pareciam uma só pessoa. Embaixo do desenho, ele
escreveu apenas uma palavra: "Nós".
Foi, sem dúvida, um Natal de Amor
1808
Maktub
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