O tempo
Certa vez um pai perguntou ao diretor de uma universidade se o currículo
escolar não poderia ser simplificado para que seu filho pudesse "ir
por um caminho mais curto".
O Educador então lhe respondeu:
- Sem dúvida, tudo depende, porém, do que o senhor queira fazer do seu
filho. Quando Deus quer fazer um carvalho, por exemplo, leva cem anos.
Quando quer fazer uma abóbora, precisa apenas de três meses. É comum
nos esquecermos de que as engrenagens das nossas vidas estão interligadas
com as do Criador.
Fez uma pequena pausa e continuou:
- Assim sendo, como os dentes das engrenagens dos planos de Deus são mais
fortes do que os das nossas, quando aceleramos mais que Deus, as nossas se
quebram. E por essa razão, cansamo-nos, despedaçamo-nos. A natureza nos
oferece muitas indicações de que o nosso ritmo alucinado não é normal.
- Quando saímos dos lugares superlotados, fugimos dos horário e andamos
por entre as árvores que crescem devagar e as montanhas silenciosas que
parecem estar sempre tranqüilas, absorvemos um pouco da serenidade e da
calma da natureza. No entanto, não devemos confundir paciência com
passividade, inércia, e esperar que tudo seja feito por nós. Paciência
é determinação de começar cedo a empregar o tempo para realizar coisas
úteis.
Pensou um pouco e falou:
- Vou contar-lhe o caso da menina que disse à mãe logo depois que uma
senhora de cabelos brancos saiu de sua casa: Mãe se eu pudesse ser uma
velha assim, tão simpática e tão boazinha, não me importaria de
envelhecer.
- Está muito bem, respondeu a mãe. Se você quer ser uma velha assim,
convém começar desde já, pois ela não ficou assim às pressas.
- O Sol leva todo o tempo que lhe é necessário para nascer e se pôr.
Não
é possível apressá-lo. O gelo no lago se derreterá quando a
temperatura
do ar for apropriada. As aves migratórias chegarão e partirão
quando estiverem prontas para isso. Até as invenções, sobre as quais o
homem aparentemente exerce absoluto controle, só chegam no tempo próprio,
quando a oportunidade amadureceu e a cultura está pronta para recebê-las.
Uma vez mais o Mestre de Nazaré tinha razão ao dizer:
- Primeiro a erva, depois a espiga, e, por último, o grão cheio na
espiga.
Quis com isso dizer que tudo vem a seu tempo, sem pressa nem
desespero.
Pensemos nisso!