Estar cheio de vida é respirar profundamente, mover-se 
livremente e sentir com intensidade.
(Alexander Lowen)

 


O sapo e a cobra

Era uma vez um sapinho que encontrou um bicho comprido, fino, brilhante e colorido deitado no caminho.
- Olá! Que é que você está fazendo estirada na estrada?
- Estou me esquentando aqui no sol. Sou uma cobrinha, e você?
- Um sapo. Vamos brincar?
E eles brincaram a manhã toda no mato.
- Vou ensinar você a pular.

E eles pularam a tarde toda pela estrada.
- Vou ensinar você a subir na árvore se enroscando e deslizando pelo tronco. Eles subiram.
Ficaram com fome e foram embora, cada um para sua casa, prometendo se encontrar no dia seguinte.
- Obrigada por me ensinar a pular.
- Obrigado por me ensinar a subir na árvore.

Em casa, o sapinho mostrou à mãe que sabia rastejar.
- Quem ensinou isso para você?
- A cobra, minha amiga.
- Você não sabe que a família Cobra não é gente boa? Eles têm veneno. Você está proibido de brincar com cobras. E também de rastejar por aí. Não fica bem.

Em casa, a cobrinha mostrou à mãe que sabia pular.
- Quem ensinou isso para você?
- O sapo, meu amigo.
- Que besteira! Você não sabe que a gente nunca se deu bem com a família Sapo? Da próxima vez, agarre o sapo e... bom apetite! E pare de pular. Nós cobras não fazemos isso.

No dia seguinte, cada um ficou na sua.
- Acho que não posso rastejar com você hoje.
A cobrinha olhou, lembrou do conselho da mãe e pensou: "Se ele chegar perto eu pulo e devoro ele."
Mas lembrou-se da alegria da véspera e dos pulos que aprendeu com o sapinho. Suspirou e deslizou para o mato.

Daquele dia em diante, o sapinho e a cobrinha não brincaram mais juntos. Mas ficavam sempre no sol, pensando no único dia em que, sem considerar os preconceitos, foram amigos.

(Extraído do Livro das Virtudes)
 

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