Chorões
Quando minha avó morava em
Stamps, Arkansas, ela tinha uma rotina muito particular quando as pessoas que
ela conhecia como "os chorões" entravam na loja dela. Minha avó
sempre perguntava ao cliente,
- Como você está hoje, Thomas?
E a pessoa respondia,
- Nada bem! É este calor infernal. Eu odeio isto. Está quase me matando.
Então minha avó ficava em pé, cruzava os braços e resmungava,
- Uh - huh, uh - huh . E me dava uma piscada de olhos para ter certeza que eu
tinha ouvido a lamentação.
Assim que o queixoso estivesse fora da loja, minha avó me chamava e então
dizia a mesma coisa que já tinha dito pelo menos umas mil vezes, me parece.
- Você ouviu como reclamam de tudo?
E eu acenava com a cabeça. E ela continuava,
- Pessoas no mundo inteiro foram dormir ontem à noite, pobres e ricos, e
brancos e pretos, mas eles nunca despertarão novamente. E essas pessoas dariam
qualquer coisa, qualquer coisa mesmo por apenas cinco minutos neste calor que
aquela pessoa tanto reclamou.
- Assim, vigie a si próprio quando reclamar. O que você deve fazer quando não
gostar de alguma coisa é mudar esta coisa. Se você não puder mudar, mude a
forma de ver e pensar sobre aquilo. E não reclame.
Diz-se que as pessoas têm poucos momentos de aprendizado durante suas vidas. E
vovó me parece ter aproveitado todos os momentos que teve. Ela sempre
completava com a frase:
- Reclamar não só é vergonhoso e sem graça, mas pode ser perigoso. Isto
pode alertar um bruto que uma vítima está por perto.
Tradução e adaptação de SergioBarros do texto de Maya Angelou
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