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Escreva sua própria vida
Suponha que
alguém lhe deu uma caneta. Você não pode ver quanta tinta tem. Pode secar logo
depois das primeiras palavras ou durar o suficiente para você criar
uma esplêndida obra (ou diversas); ou que durasse para sempre. Você não sabe até
que você comece.
São as regras do jogo, você realmente nunca sabe. Você tem que examinar cada
possibilidade! A regra do jogo não obriga você a fazer qualquer coisa. Você
pode, ao invés de usar a caneta, deixá-la em uma prateleira ou em uma gaveta
onde secasse sem ser utilizada. Mas se você decidisse usar, o que você
faria? Como você jogaria esse jogo?
Você iria planejar e planejar antes de escrever cada palavra? Seus planos seriam
tão extensos que você nunca começaria?
Ou você colocaria a caneta na mão e simplesmente escreveria, esforçando-se para
prosseguir com um monte de palavras?
Você escreveria cautelosamente e com cuidado, como se a caneta secasse no
momento seguinte, ou você fingiria ou acreditaria (ou fingiria acreditar) que a
caneta escreverá para sempre?
E sobre o que você escreveria: sobre amor? Ódio? Divertimento? Miséria? Vida?
Morte? Nada? Tudo? Você escreveria sobre si mesmo? Ou sobre os outros? Ou sobre
si mesmo sob a ótica dos outros?
Suas letras seriam trêmulas e tímidas ou brilhante e realçada? Enfeitadas ou
simples? Você escreveria mesmo? Uma vez que você tem a caneta, nenhuma regra diz
que você tem que escrever. Você rascunharia? Borrões ou desenhos?
Você permaneceria nas linhas, ou não veria nenhuma linha, mesmo se estivessem
lá? Há muito o que pensar sobre isso, não é? Agora, suponha que alguém lhe deu
uma vida...
Tradução de Sergio Barros do texto de David A. Berman
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