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A fita amarela
Era um dia
quente de verão. Meu cabelo estava preso, em trança, com minha fita amarela
favorita, que eu ganhei de minha querida tia Lilly.
- Use isto, querida. - Ela me disse - E não se importe com o que dizem as outras
pessoas.
Como em todos os dias de verão, eu estava no jardim brincando com Wilma, minha
amiga imaginária. Como não deixavam me afastar do jardim e ninguém de minha
idade morava por perto, Wilma, era minha melhor amiga.
De repente surgiu um grande caminhão de mudança. Novos vizinhos estavam
chegando. Fiquei entusiasmada mas torci para que não houvesse nenhum menino,
porque meninos são muito chatos. Entretanto, eu vi um objeto incomum ser
retirado do caminhão - uma cadeira de rodas. Parecia fria e pesada.
- Que tipo das pessoas estava se mudando? Eu me perguntei.
Logo descobri que estes vizinhos tinham uma filha de minha idade, chamada Laura.
Ela não podia andar e nem falar, e ela estava limitada à cadeira de rodas. Eu
não sabia o que fazer. Eu deveria me apresentar como meus pais tinha ensinado?
Ou deveria me esconder debaixo da cama e assim eu nunca teria que a conhecer?
O problema foi resolvido quando minha mãe convidou os novos vizinhos para um
jantar na sexta-feira. Quando a campainha tocou, eu atendi e me apresentei. Os
pais de Laura explicaram que ela tinha nascido com paralisia cerebral.
Timidamente, eu disse
- Oi.
Então eu ouvi um riso alto e alegre explodindo de seus lábios. Minha mãe me
falou uma vez,
- O sorriso torna mais curta a distância entre as pessoas.
E estava completamente certa. Embora Laura não pudesse falar, o sorriso dela não
precisou de qualquer explicação. Imediatamente eu soube que era o começo de uma
amizade muito especial.
Eu não entendia por que as outras crianças não percebiam Laura como eu. Ao
contrário, elas tiravam sarro dela, e ameaçavam até mesmo virar a cadeira de
rodas. Também me irritava vê-las chamando Laura de "Aleijada". Não importa o
quanto eu tentei, eu não pude fazê-las parar.
O que aprendi com minha amizade com Laura?
Eu aprendi que coisas ruins acontecem com pessoas agradáveis. Aprendi lições que
nenhuma outra situação poderia ter ensinado. Aprendi a ter paciência, observando
cuidadosamente Laura executando tarefas simples que ela não podia fazer mais
rápido. Aprendia ter compaixão quando eu via dor nos olhos de Laura. Eu aprendi
sobre coragem, quando observei como Laura enfrentava as duras batalhas de cada
dia.
Este último verão, eu tive a honra e o privilégio de ser acompanhante de Laura
nas Olimpíadas Especiais. Meu trabalho consistiu em ajudar Laura a fazer
qualquer coisa que ela teria feito se não fosse a doença. Me alegrei por demais
quando ela ganhou a corrida de cadeira de rodas. Nós formamos uma boa equipe e
nossos corpos trabalharam juntos para buscar o "ouro".
Eu tirei a fita amarela, que mais uma vez estava em meu cabelo, e a amarrei no
rabo-de-cavalo de Laura.
- Use isto, querida. Eu disse à ela e, finalmente, entendi o que tia Lilly tinha
querido dizer.
Tradução de Sergio
Barros do texto de Nikki Willett
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